quinta-feira, 5 de maio de 2011

Porque Não Posso Concordar com o Ricardo Gondim.



Não conheço o Sr. Ricardo Gondim pessoalmente. Por esse motivo, sempre que escrevo algo acerca dele procuro evitar, como é minha obrigação, fazer qualquer comentário acerca de sua pessoa. Limito-me a falar acerca daquilo que ele diz ou escreve. Esse é novamente o caso agora.

Não sei exatamente quando, mas ele concedeu uma entrevista à revista Carta Capital. Em uma de suas respostas ele afirma o seguinte:

RG: ... "Fui eleito o herege da vez. Entre outras coisas, porque advogo a tese de que a teologia de um Deus títere, controlador da história, não cabe mais. Pode ter cabido na era medieval, mas não hoje. O Deus em que creio não controla, mas ama. É incompatível a existência de um Deus controlador com a liberdade humana. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem., então há algo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida".

Ricardo se considera injustiçado, o que é uma atitude típica dos fariseus como os encontramos na Bíblia. Mas, mesmo se sentindo assim, ele ainda consegue enxergar certo privilégio, pois alega ter sido “eleito o herege da vez”. Alguém aí poderia me enviar a lista oficial dos “10 últimos hereges da vez”, fazendo o favor. Ela alega estar sendo perseguido porque não aceita mais a idéia de um Deus “títere e controlador da história”. Ora, aqui cabe perguntar, quem defende idéia tão esdrúxula de um deus assim senão pastores das Assembléias de Deus e outros ramos do pentecostalismos, como ele mesmo. A visão reformada de Deus é de um Senhor absolutamente soberano não apenas sobre todo o universo, mas principalmente sobre o planeta Terra e a vida de todos os seres humanos, inclusive. Todavia, Gondim é livre para crer no deus que melhor satisfizer suas fantasias ou necessidades, mas sua ingenuidade chega a ser patética, pois não fosse a graça soberana de Deus, há muito já teríamos destruído o planeta e dado cabo de todas as nossas vidas. Mas Deus nos ama a ponto de não permitir que exerçamos nossa sanha assassina e destruidora como gostaríamos de fazer.

A posição de Gondim é típica dos teólogos pentecostais que, na sua grande maioria, não entendem absolutamente nada acerca, por exemplo, de versos tais como Romanos 8:28—30. Não entendem nada acerca da graça de Deus e dos misteriosos propósitos de Deus relacionados à nossa eleição em AMOR – ver Efésios 1:4—5 - e predestinação para sermos exatamente como Jesus Cristo. Caso se dedicasse a estudar as Escrituras em vez de ficar apenas criticando os reformados, talvez pudesse entender essas verdades sublimes. Para mim, pessoalmente, tem sido motivo de grande alegria ver vários pastores das Assembléias de Deus abandonando suas posições tradicionais, para adotarem os ensinamentos da reforma. Isso é realmente maravilhoso. Mas, infelizmente, não é o caso de Gondim.

Ele fala de liberdade humana, como se fosse uma realidade na vida de todos os seres humanos. Talvez devesse dar ouvidos à letra composta pelo Flávio Venturini e cantada com todo sentimento por Milton Nascimento: Caçador de Mim. Nesse poema, Flávio Venturini admite que a vida humana é uma “entrega a paixões que nunca têm fim”. Não existe verdadeira liberdade para aqueles que são escravos do pecado, qualquer que seja, por menor que seja. Jesus é categórico: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado – João 8:34. Portanto, adeus a essa pretensa liberdade humana. Ela simplesmente não existe.

Como um rabino judeu ele argumenta que é incompreensível o fato de coisas ruins acontecerem a pessoas boas. Mas quem são, pergunto eu, essas pessoas boas? A bíblia é acachapante quando se utiliza de adjetivos para caracterizar os pecadores diante de Deus. Eis uma lista parcial de como somos classificados enquanto pecadores diante de Deus: desviados, perdidos, fracos, ímpios, extraviados, inúteis e pecadores; incapazes de fazer o bem, mortos em delitos e pecados, transgressores, homens naturais incapazes de aceitar e de entender a revelação de Deus; néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-se uns aos outros; infiéis, adúlteros, traidores, assassinos, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus; cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Bem, a lista é longa, mas não é exaustiva!1 Como um homem dizendo-se pastor e mestre das Sagradas Escrituras pode acreditar que existam pessoas boas é talvez a maior incógnita que tenho acerca de Gondim.

Como um verdadeiro tolo Gondim afirma que Deus não está no controle. Bem, faz parte da paciência e do caráter amoroso de Deus tolerar as afrontas que lhe fazemos, sem que necessariamente ele nos trate de acordo com o que merecemos – ver Salmos 103:10.

Concordo, em parte, com Gondim quando ele afirma: ”A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus”. De fato essas coisas não são responsabilidade de Deus, mas exclusivamente nossa. Mas Deus deseja que Seus filhos se envolvam com todas essas questões, porque os seres humanos não foram criados para viver em favelas, nem ao lado de córregos poluídos e muito menos fazendo guerra uns com os outros. Compete aos filhos de Deus imitarem o irmão primogênito, Jesus – ver Romanos 8:29 – promovendo a reconciliação com Deus que é o primeiro passo de todos e depois envidar todos os esforços para manter a unidade que nos é concedida pelo Espírito Santo – ver 2 Coríntios 5:20 e Efésios 4:1—3.

A proposta e a busca de Gondim de tentar viver como se Deus não existisse é realmente uma alternativa constrangedora. No fim, o que resta de toda sua proposta é puro humanismo: sem Deus, sem esperança sem salvação eterna.

Que Deus abençoe a todos,

Alexandros Meimaridis 

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Desde já agradecemos a todos.

Notas

1. Listas contendo as coisas terríveis que os seres humanos são capazes de fazer podem ser encontradas, por exemplo, em: Marcos 7:21 – 22; Romanos 1:28 – 32; 1 Coríntios 6:9 – 10; Gálatas 5:19 – 21; Efésios 4:31; 5:3 – 6; Colossenses 3:5; e 2 Timóteo 3:1 – 6. E isto para ficarmos no Novo Testamento somente.

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