quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ESTUDO DA VIDA DE JESUS – PARTE 1 – ESTUDO 003





Essa é uma série cujo propósito é estudar, com profundidade, a vida do Senhor Jesus como apresentada nos quatro Evangelhos. No final de cada estudo você irá encontrar links para outros estudos. A Série tem o título Geral de: Jesus Confronta a Religião, a Sociedade e a Cultura.

Lição 003 – O Registro Escrito Acerca de Jesus Cristo – Parte 2.

O estudo independente de cada um dos documentos que chamamos de evangelhos é bastante interessante e pode ser muito benéfico, exatamente porque nos permite descobrir as ênfases e as perspectivas particulares de cada autor.

Mateus — O documento produzido por Mateus possui cerca de 70 referências diretas do Antigo Testamento. Estas passagens estão, de alguma maneira, relacionadas à vida e ao ministério de Jesus. Isto nos dá a perspectiva de que o material produzido por Mateus tinha a clara intenção de estabelecer uma relação direta entre as profecias do Antigo Testamento e os eventos da vida do Senhor Jesus. Talvez este tenha sido o motivo porque esta perspectiva da vida de Jesus, escrita por Mateus, tenha sido colocada em primeiro lugar no conjunto de livros de compõem o Novo Testamento. O livro de Mateus serve de transição natural entre a Antiga e a Nova Aliança. Outro aspecto que se destaca neste livro é o uso das expressões “reino” – que ocorre 55 vezes – e, “reino dos céus” – que aparece 35 vezes. Certamente sua audiência primária era composta de judeus que estavam esperando o advento do Messias para estabelecer um reino teocrático, mas muitas vezes esta esperança era mal direcionada por um literalismo cego que era incapaz de ver além da mera letra.

Marcos — É o mais breve de todos os documentos que nos falam acerca das boas novas em Jesus. É também o mais simples no que diz respeito à estrutura gramatical. Marcos era primo de Barnabé – ver Colossenses 4:10 – e ele não pertencia ao grupo dos 12 apóstolos de Jesus. Marcos procurou alcançar os romanos em geral, e isto talvez explique porque ele evitou ou omitiu o uso de genealogias, além de demonstrar grande preocupação em explicar os costumes típicos da Palestina. Como os romanos eram pessoas práticas e muito objetivas, o material produzido por Marcos é bastante dinâmico e caracterizado pela palavra grega εὐθὺς euthùs, que é usada 33 vezes e é traduzida de forma consistente na ARA[1] pela expressão “logo” em português – ver Marcos 1:10, 12 e 20 como exemplos. Literalmente a expressão grega εὐθὺς euthùs, quer dizer diretamente, imediatamente, em seguida, o que empresta um enorme dinamismo ao texto produzido por Marcos.

Lucas — Lucas era um médico e companheiro do apóstolo Paulo – ver Colossenses 4:14. Ele também não pertencia ao grupo de apóstolos arregimentados diretamente pelo Senhor Jesus. Mas Lucas foi um pesquisador extremamente detalhista – ver Lucas 1:1—4, especialmente o verso 3. A versão de Lucas acerca das boas novas em Jesus é escrita em linguagem refinada e faz uso de um vocabulário excelente. Seu documento é o mais longo de todos os que compõem o Novo Testamento. Lucas escreveu para todas as pessoas do mundo helenizado e procura dar especial ênfase à universalidade das boas novas. Lucas, mais do que os outros autores, procura enfatizar a humanidade de Jesus, especialmente através do título “Filho do Homem” que aparece 26 vezes. Entre seus temas favoritos podemos citar: enfermidades – ele era médico! – pobreza, condições sociais, mulheres e crianças.

João João produziu seu documento cerca de 50 anos depois dos outros três, entre os anos 90 – 100 d.C. O material que João produziu era tão diferente dos outros três anteriores que foi apelidado de “evangelho espiritual” por Clemente de Alexandria[2]. É de todos os quatro documentos que nos falam acerca das boas novas em Jesus o que mais elabora acerca do Espírito Santo. É também o único a apresentar inúmeros discursos proferidos por Jesus onde o Senhor faz extenso uso de figuras de linguagem para ilustrar realidades espirituais, entre as quais podemos destacar:

O Novo Nascimento.

              A Água da Vida.

                              O pão da Vida.

                                            A luz do mundo.

                                                    O bom pastor.

                                                           A videira e seus ramos.

O Material produzido por João é tão exclusivo que aproximadamente 92% daquilo que ele escreveu não aparece nos outros três documentos que chamamos de evangelhos sinópticos.

O material produzido por Mateus, Marcos, Lucas e João e que chamamos de “Evangelhos”, perfazem cerca de 45% de tudo o que compõe o Novo Testamento.

A história da Igreja cristã registra inúmeras tentativas de harmonizar estas quatro narrativas. A mais antiga foi uma obra compilada por Taciano[3] e que ficou conhecida por “Diatessaron” — cujo significado é “retirado dos quatro”. A partir da Reforma Protestante do século XVI e, com o advento da imprensa, o que facilitou a publicação de livros, surgiram centenas de obras conhecidas de forma geral por “Harmonia dos Evangelhos”, Estas obras procuraram combinar e harmonizar o conteúdo dos quatro documentos produzidos por Mateus, Marcos, Lucas e João. É quase desnecessário dizer que todas estas tentativas de harmonização das boas novas acerca de Jesus estão baseadas em decisões subjetivas feitas por seus organizadores. Mas, independente deste fato, as mesmas possuem certas qualidades que não devem ser desprezadas. Entre essas qualidades, podemos destacar a possibilidade de ler os 4 textos, com a riqueza de detalhes de cada autor, de maneira contígua ou comparando versículo com versículo, dependendo do tipo de arranjo que foi feito pelo organizador. Uma “Harmonia dos Evangelhos” pode nos mostrar claramente que, durante o curso do ministério terreno de Jesus, Ele manteve uma oposição franca e permanente contra as formas religiosas que existiam na Palestina dos seus dias.

             OS QUATRO RETRATOS DE JESUS SEGUNDO O NOVO TESTAMENTO
Evangelhos
Mateus
Marcos
Lucas
João
Audiência
Judeus
Romanos
Helenistas
Todo o Mundo
Retrato de
Jesus
Jesus é o Messias
que cumpre a profecia bem como as expectativas do Antigo Testamento
Jesus é o Filho
de Deus

Jesus é o Filho do
Homem perfeito que veio para salvar todas as pessoas através do poder do Seu Espírito Santo

Jesus é o Filho de
Deus em quem
devemos crer para
receber a
vida eterna
Versos Chave
Mateus 1:1; 16:16; e 20:28.
Marcos 1:1;
8:27; 10:45 e 15:34
Lucas 19:10
João 20:31
Palavra Chave
Para que se
cumprisse
E logo
Filho do Homem
Creia e vida eterna


OUTROS ESTUDOS ACERCA DA VIDA DE JESUS PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:

001 — Estudos Na Vida de Jesus — Porque Jesus Veio a Este Mundo

002 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 001

003 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 002.

004 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões —

005 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 2.

006 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 3.

007 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 4.

008 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 5.

009 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 6.

010 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 7.

011 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 8.

012 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 9.

013 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 10.

014 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 11.

015 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 12

016 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 13

017 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14A

017 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14B

017 C — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14C

017 D — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14D

018 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15A

018 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15B

019A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16A

019B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16B

020 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 17


Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.


[1] ARA é o acrônimo usado para representar a versão da Bíblia de Almeida Revista e Atualizada publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil.

[2] Clemente de Alexandria nasceu em Atenas, na Grécia em 150 a. D.  e veio a falecer, provavelmente em Alexandria, no Egito entre os anos 211 e 215 a.D. Seu nome latino era Titus Flavius Clemens. Ele foi um apologista cristão e teólogo missionário ao mundo Helenista – dominado pela cultura grega. Clemente foi precedido por Pantaenus e imediatamente seguido por Orígenes naquela que se tornou a primeira instituição de altos estudos acerca da fé cristã localizada na cidade de Alexandria, no Egito. Sua obra mais importante é uma trilogia composta de: Proteptikos ou Exortação; Paidagogos ou Educador e Stramatas ou Miscelânea.

[3] Taciano – Nasceu na Síria em 120 a.D, aonde também veio a falecer em abril de 173 a.D. Compilou uma obra que ficou conhecida com Diatessaron — dos quatro ou retirado dos quatro — que era uma versão dos quatro evangelhos arranjados como se fossem uma narrativa contínua. Seu material foi produzido usando as versões siríacas– aramaico clássico – dos quatro evangelhos e serviram como esteio bíblico-teológico para a igreja Síria por séculos.

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