terça-feira, 25 de setembro de 2012

O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO



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INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO - O Que é o Antigo Testamento? — pARTE 1

Este estudo é parte de uma breve introdução ao Antigo Testamento. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da Antiga Aliança. No final de cada estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo  

Introdução

Esse primeiro capítulo trata, em vários artigos ou partes, de quatro questões fundamentais que todo estudante do Antigo Testamento deve responder:

  • O Que é a Bíblia?
  • Como a Bíblia foi escrita?
  • Como a Bíblia chegou até nós?
  • Como interpretar a Bíblia?
 I. Cânon: o que é a Bíblia?

A princípio, esta pergunta parece simples. Sabemos o que é a Bíblia. É uma coleção de sessenta e seis livros – trinta e nove no Antigo Testamento e vinte e sete no Novo Testamento. É o que há de Gênesis até o Apocalipse.

Mas nem sempre houve acordo sobre quais livros compõem a Bíblia. Os livros apócrifos – aqueles que aparecem nas Bíblias Católicas Romanas – fazem parte da Bíblia? E se arqueólogos descobrissem outra carta escrita por Paulo? Será que essa carta deveria ser incluída na Bíblia? De que forma os judeus primeiro e cristãos em seguida, inicialmente, decidiram quais livros deveriam fazer parte da Bíblia? Quando fazemos perguntas como estas, estamos levantando a questão do Cânon.

A. Definição de Cânon

A palavra “Cânon” vem do hebraico hnq qaneh e do grego kanwnkânon. Essas duas palavras, em seus sentidos originais, significavam uma vara ou medida. Assim como uma vara podia ser usada como padrão de medida, o Cânon bíblico também era um padrão de medida para a fé e a prática dos crentes. Isto era assim porque as pessoas podiam comparar suas vidas àquilo que era requerido pela Bíblia. Além disso, a palavra “cânon” também podia ter a conotação de um padrão dentro do qual os escritos bíblicos deveriam encaixar-se. 

B. Testes de canonicidade

Tendo em vista que Deus revelou Sua palavra por meio de pessoas comuns, tornou-se importante saber quais livros vieram dEle e quais refletiam apenas as opiniões humanas. Para distinguir um grupo de escritos de outro, vários elementos de teste foram sugeridos, com alguns destes elementos chegando a alcançar consenso entre os estudiosos. Os testes de canonicidade concentram-se em três fatores: autor, público e ensinamentos.


Para ser parte do cânon, o livro deveria ter sido escrito por um profeta ou uma pessoa com o dom de profecia. Os autores humanos não poderiam, de forma alguma, saber a vontade de Deus, se não fosse pela presença do Espírito assistindo-os em seus entendimentos. Era preciso que a mão do Espírito de Deus estivesse presente no processo de redação. Sua presença asseguraria que o produto final fosse a verdade de Deus e que comunicasse fielmente a mensagem de Deus. 

Teste 2 – Escrito para todas as gerações
Um livro que fosse parte do cânon precisaria ter impacto sobre todas as gerações. A mensagem de Deus não poderia estar restrita a apenas um público. Se um livro era, a Palavra de Deus, então deveria ser relevante para todas as pessoas de todas as épocas. É possível que o autor tivesse escrito o texto para um público específico, como de fato aconteceu, mas, se era a Palavra de Deus, todos os que lessem esse texto, poderiam aplicar seus ensinamentos à sua vida de maneira proveitosa.

Teste 3 – Escrito de acordo com revelações anteriores. 

Para ser parte do Cânon, um livro não poderia contradizer a mensagem de outros escritos anteriores revelados por Deus. Se, por exemplo, um novo escrito dissesse ser de Deus, mas estivesse em contradição com os ensinamentos de Gênesis, este não poderia ser a Palavra de Deus. As verdades de Deus permanecem as mesmas para sempre e não entram em contradição. Novas revelações poderiam trazer informações adicionais sobre o plano e os propósitos de Deus, mas nunca ir contra revelações anteriores.

C. A formação do Cânon.

Ao aplicar os princípios acima, os hebreus determinaram, de um modo geral, quais livros pertenciam e quais livros não pertenciam ao Antigo Testamento. Ainda assim, existia alguma confusão entre o povo. Em certas ocasiões, os líderes judeus encontraram-se para tratar desse e de outros assuntos. Uma dessas reuniões parece ter ocorrido na cidade de Jâmnia no final do primeiro século d.C.
Jâmnia — atualmente chamada de Yavneh — está localizada na costa sudoeste de Israel. A cidade tornou-se um importante centro de influencia da comunidade judaica depois que Jerusalém foi destruída pelos romanos no ano 70 d.C.

Os estudiosos discutem o que exatamente aconteceu em Jâmnia, mas concordam que o concílio não determinou quais livros pertenciam ao Antigo Testamento. Na verdade, o concílio parece ter confirmado oficialmente os livros que a maioria dos judeus vinha reconhecendo, como inspirados, há várias gerações. Em outras palavras, o concílio deu o endosso oficial a certos livros, apenas confirmando o que eles criam ter sido sempre a verdade revelada por Deus.

D. Sequência de livros em hebraico e português.

O Antigo Testamento em hebraico e português contém rigorosamente o mesmo material. Os livros, porém, aparecem em uma ordem diferente. Não sabemos exatamente por que, apesar de existirem diversas teorias.


 A versão hebraica do Antigo Testamento divide os livros em três grupos, a saber: 1)  toráh - instrução ou ensino que é composta pelos cinco primeiros livros do Antigo Testamento escritos por Moisés; 2) neviim - os Profetas, composto pelos profetas Anteriores e pelos Profetas Posteriores e; 3) ketubiim - os Escritos. A origem da organização dos livros na Bíblia hebraica não pode ser rastreada com precisão. Acredita-se que a divisão em três partes, corresponde às três etapas, nas quais os livros receberam reconhecimento canônico, mas não há evidências diretas acerca disso. Em português os livros são divididos em cinco grupos: Pentateuco, Livros Históricos, Livros Poéticos, Profetas Maiores e Profetas Menores. Esta divisão foi originalmente montada, quando da tradução das Escrituras do Antigo Testamento do hebraico para o grego, que ficou conhecida como Septuaginta - símbolo = LXX. Jerônimo, por sua vez, ao traduzir as escrituras para o Latim, adotou esta divisão quando produziu a Vulgata Latina e, depois disso, a grande maioria das traduções passou a utilizá-la.


E. Capítulos e versículos da Bíblia.

As Bíblias mais antigas não eram divididas em capítulos e versículos. Essas divisões foram feitas para facilitar a tarefa de citar as Escrituras. Stephen Langton, professor da Universidade de Paris e mais tarde arcebispo da Cantuária, dividiu a Bíblia em capítulos em 1227. Robert Stephanus, impressor parisiense, acrescentou a divisão em versículos, começando em 1551 e terminando em 1555. Felizmente, estudiosos judeus, desde aquela época, adotaram essa divisão de capítulos e versículos para o Antigo Testamento no original em hebraico, e assim essa divisão está consolidada entre todas as versões.

OUTROS ESTUDOS DESSA SÉRIE PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO

002 – A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

003 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 1 = Os Escribas e O Texto Massorético — TM

004 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 2 = O Texto Protomassorético e o Pentateuco Samaritano

005 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 3 = Os Manuscritos do Mar Morto e os Fragmentos da Guenizá do Cairo
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2012/09/a-transmissao-do-texto-da-biblia-parte-3.html


006 - A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 4 = A Septuaginta ou LXX

007 - A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 5 = Os Targuns e Como Interpretar a Bíblia

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

Parte do material contido neste estudo foi adaptado e editado das seguintes obras, que o autor recomenda para todos os interessados em aprofundar os conhecimentos acerca do Antigo Testamento:

Bibliografia

Arnold, Bill T. e Beyer, Bryan E. Descobrindo o Antigo Testamento. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001.



Champlin, R. N, editor. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos, São Paulo, SP.
 
Confort, Philip Wesley (Editor). A Origem da Bíblia. Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 4ª Edição, 2003.

Francisco, Edson de Faria. Manual da Bíblia Hebraica – Introdução ao Texto Massorético. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo, 1ª Edição, 2003.

Geisler, Norman e Nix, William. Introdução Bíblica – Como a Bíblia chegou até nós. Editora Vida, São Paulo, 2ª Impressão, 1977.

Walton, John H. Chronological Charts of The Old Testament. The Zondervan Corporation, Grand Rapids, 1978.

Würthwein, Ernst. The Text of the Old Testament. William B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, Reprinted, 1992.

Enciclopédias
__________The New Encyclopaedia Britannica. Encyclopaedia Britannica Inc., Chicago, 15th Edition, 1995.

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