sábado, 2 de novembro de 2013

PREGADORES E PREGADORES: HOMENS CONSAGRADOS X EXPLORADORES


Pregador Anuncia o Evangelho no Amazonas

Uma das características dos pregadores modernos é sempre tentarem impressionar o público falando dos “grandes sacrifícios” que fizeram para estar ali. Não sei, mas talvez isso seja um truque que suas próprias consciências lhe aplicam por estarem cobrando 5 mil, 7 mil, 10 mil e, às vezes mais pela pregação que estão fazendo, fora a despesa. Não existe nenhum sacrifício. Viajam sempre de avião e são muito bem remunerados.

Um de nossos leitores ao ler um artigo nosso em que comentamos a atitude de um falso mestre em tentar impressionar o público usando, exatamente, esse argumento, resolveu nos enviar um comentário para nos contar de seu pai — já falecido — mas que durante décadas se embrenhou nas matas brasileiras para levar o evangelho até as tribos dos índios xerentes e outras pessoas. Longe dos salões com ar condicionado e confortáveis poltronas de avião, as viagen daquele pregador — verdadeiro homem de Deus — eram feita de Rural Willys, de bicicleta ou em cima de um caminhão transportando madeira.

Bem, com a devida autorização do autor do comentário, estamos publicando o mesmo hoje como um artigo, para que as pessoas de bom senso não se esqueçam que antes do Evangelho da Prosperidade, das mansões, dos carrões, das jóias, da mudança para outros países e de muitas falsas pregações, houve um tempo de grandes sacrifícios, de fome, de sofrimento, mas também da proclamação do verdadeiro evangelho.

Segue o comentário:

JOEL CARVALHO - DF30 de outubro de 2013 09:31

Me dá nó no estômago, quando ouço um pregador desses, que de avião para cima e para baixo afirma que fez um grande sacrifício para chegar em tal e tal lugar.

Isso porque, sou filho de Pastor, e quando criança vi meu pai e seus auxiliares embrenhando-se em florestas na Região Norte (MT, PA e TO) a pé mesmo, ou quando havia possibilidades melhores faziam o percurso de bicicleta e no máximo com alguma van da época, conhecida como "Rural", jipinho ou caminhão "pau-de-arara", que era o caminhão utilizado pelos madeireiros para carregarem suas cargas de madeira; por isso, eram caminhões totalmente abertos sem qualquer proteção para quem ia em cima da carroceria.

Mas, não é exatamente a forma de transporte que quis abordar, mas para dizer que, embora utilizassem meios de transportes bastante precários, jamais vi meu pai ou qualquer daqueles obreiros chegarem em qualquer daqueles rincões perdidos no meio da floresta, utilizando o fato de terem acessado com extrema dificuldade as respectivas localidades, para fazerem ou tentarem emocionar ou comover os alvos de suas pregações, lembrando-lhes de tal "sacrifício" como se fosse algo extraordinário ou símbolo de humildade cristã, ou qualquer equivalente nesse sentido. Mesmo porque isso seria inútil, pois todos os habitantes da região sabiam que, só homens e mulheres dispostos a enfrentarem dificuldades extremas moravam ou evangelizam naquelas paragens perdidas. Era algo natural.

Meu pai e boa parte daqueles aguerridos obreiros da década de 50 até os anos 80 já estão com o Senhor Jesus Cristo. Desses dou testemunho pessoal de que realizaram o bom combate sem qualquer resquício de ato mercenário ou promoção pessoal de condolências de terceiros. A única condolência que tinham, era pelas almas carentes de Salvação.

A bem da verdade, quando meu pai morreu na década de 90, deixou de herança para minha mãe seus 09 filhos e uma inabalável fé, que ele traduzia quando questionado por não ter qualquer bem material: "MEU PATRÃO É FIEL E CUIDARÁ DOS MEUS, QUANDO EU PARTIR"! Quando terminei de escrever isso, acabei chorando de nostalgia pelo exemplo de fé, e também pela tristeza de ver o quanto nossos "pregadores" se afastaram da simplicidade do Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

PS.: "Vixi", e eu nem falei das vezes em que se corriam riscos de sermos atacados por onças ou as manadas de caititu, o conhecido "queixada" ou porco do mato, que em manadas atacam tudo o que está em sua frente. E os naufrágios de barcos ou canoas...

SERÁ que esse pessoal topa entrar na floresta amazônica, quando reclama de esperar avião?

Como 4º filho do falecido Pr Daniel Martins de Oliveira, tens minha autorização, para fazer desse comentário um post sobre esse pastor, que na década de 50 foi auxiliar do Pr Tibúrcio em Ananás, antigo Goiás, hoje Tocantins, e posteriormente na década de 60 fora autorizado a evangelista para dirigir trabalho em Wanderlândia no mesmo estado, sendo ordenado a pastor na década de 70. Hoje, em apenas 01 ano, o sujeito que der mais pulos, gritos e um dízimo razoável, logo vira pastor.

Sobre as ajudas de custo, você me fez lembrar dos cachos de banana, dos sacos de arroz, feijão e milho e outros mais, que eram compartilhados com os irmãos, que vinham para a grande e mais importante festa mensal da Igreja: A Santa Ceia do Senhor Jesus Cristo. A festa era realmente extraordinária, com irmãos de todos os rincões ligados à sede. Hoje é considerada mais um evento ou cerimônia qualquer. Morávamos na "casa pastoral", que sempre era construída ao lado dos templos, e funcionava como verdadeiro "hotel" e casa de apoio para os irmãos vindos de todos os lugares. Até a minha adolescência, às vezes não entendia aquela falta de privacidade familiar. Mas hoje, depois de ver tantos desvirtuamentos e falta de amor para com o rebanho de Cristo, entendo que foram os melhores anos de minha vida. Nesse caso, nada melhor que o tempo e a realidade atual para me convencer disso. Meu pai, que por tantos anos foi incompreendido pela própria família nesse aspecto, estava correto.

Desculpe o excesso de lembranças, mas me recordei que, em 1981 meu pai foi "proibido" pelos obreiros auxiliares da igreja de continuar acompanhando-os de bicicleta, pelas matas da região de Miracema do Tocantins, por que em razão da idade dele, estava levando tombos demais, nas estradas empoeiradas daquelas paragens das aldeias dos índios xerentes, que até hoje povoam a região próximo ao Rio Tocantins.
Outrossim:

Não tem que agradecer. Somos cooperadores de Deus para essa geração, ao relembrarmos histórias de verdadeiros heróis da Fé, "os quais mesmo depois de mortos, ainda falam".

Pregador moderno em seu escritório com ar condicionado, terno caro, com implante de cabelo e suas jóias de ouro

O artigo do falso pregador que motivou os comentários acima poderá ser visto por meio desse link aqui:


Que Deus Abençoe a Todos

Alexandros Meimaridis

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.

4 comentários:

  1. irmão Alex,

    Obrigado pelo artigo. É um reconhecimento a um personagem, que em vida sempre teve aversão a homenagens pessoais.

    A imagem do Pr Malafaia, me fez lembrar dele em dois momentos distintos.
    Em 1980 ou 81, meu pai esteve em uma convenção geral das ADs, na época, ainda com poucas divisões, quando um jovem e ungido pregador da Palavra de Deus, o Pr Silas Malafaia, trouxe uma mensagem aos congressistas. Foi a primeira vez, que ouvi falar desse homem. Meu pai chegou em casa realmente extasiado com a mensagem ungida daquele jovem pregador, na época, com cerca de 22 anos. Jamais me esqueci desse dado, dito pelo meu pai, mesmo eu tendo 9 anos de idade.

    Minha surpresa atual, é que ele disse em pregação recente, que havia rechaçado pioneiros das ADs, que em convenção geral, haviam, com nostalgia, relembrado os tempos de simplicidade da pregação do evangelho, quando os mesmos se deslocavam como citado em meu testemunho, chamando a atenção para as mudanças para pior, em razão da maioria dos pastores não terem conseguido lidar com sabedoria, com os benefícios da modernidade, distanciando-se da simplicidade, que é possível sim, mesmo em tempos modernos.
    Silas, então, afirmou que, aqueles nostálgicos deveriam voltar a andar a cavalo e não se hospedarem em hotéis luxuosos, etc.
    Como se vê, o homem não entendeu o que significa simplicidade do evangelho convivendo com benefícios da modernidade.
    Infelizmente, esse é um mal que atinge não só esse irmão, mas uma parcela significativa de operários do evangelho, que não conseguiram fazer a transição dos tempos difíceis do passado, para o presente de facilidades, sem perderem a essência da simplicidade do evangelho que os caracterizava.

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    1. Caro Joel,

      Não tem nada para agradecer. Exemplos como os do teu pai e de tantos outros precisam ser lembrados para nos servirem de exemplo e motivação.

      Silas e outros se esqueceram por completo que somo apenas peregrinos sobre essa terra. Estamos aqui só de passagens e sofrimento, dificuldades e dor que nos fazem chorar terão suas lágrimas secadas pelo próprio Deus quando estivermos em sua gloriosa presença,

      Deus te abençoe.

      irmão Alex

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    2. Irmão Alex,

      O senhor tocou em um ponto nevrálgico do cristianismo: "não esquecer que somos peregrinos na Terra".
      Quando estou aqui em casa, instando com meus dois filhos a estudarem com afinco, vez por outra(deveria ser amiúde) me vem essa lembrança do caráter transitório de nossa existência, e de que minha pátria final não é aqui. E aí, me vem também à memória as palavras de Jesus Cristo: "Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?"
      Marcos 8:36
      Sempre é bom ser relembrado desse ponto essencial de nossa fé.
      Já fui enganado por um período de minha vida cristã, pelo canto da sereia da teologia da prosperidade, após ter retornado ao evangelho, depois de mais de 12 anos de afastamento total. Vi muita gente decepcionada pelas promessas mirabolantes não cumpridas, e inadvertidamente decepcionadas com Deus, que nada tem a ver com esses obreiros da iniquidade.

      Que Deus continue usando-o como voz profética, para alertar os fiéis, que hão de herdar a vida eterna com Jesus Cristo. Amém!

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    3. Caro irmão Joel,

      Graça e paz.

      Infelizmente nesses dias de ganância desenfreada, quando a maioria do chamado povo evangélico vê como verdadeiros heróis e não como os apóstatas — traidores — do evangelho a todos esses multimilionários pastores midiáticos ou não, é certo que a mensagem da transitoriedade da nossa vida não agrada. Mas também não lhes agrada dizermos a verdade de que estão perdidos e que irão passar a eternidade, separados de Deus, sendo atormentados de dia e de noite.

      Muito cegos têm escrito, zombando de mim, dizendo que somente eu serei salvo e outras bobagens. Mas eu sempre deixo claro em centenas de artigos no Blog que o Cristianismo é EXCLUSIVISTA — salvação apenas em Cristo — e tudo nos vem por meio da maravilhosa graça de Deus. E, é claro: ESTAMOS AQUI APENAS DE PASSAGEM.

      Obrigado por teu testemunho. Peço a Deus que use tuas palavras para chamar a atenção de tantos outros milhões que estão enredados nesses falsos e destruidores ensinamentos.

      Que Deus te abençoe.

      Abraço fraterno,

      Irmão Alex.

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