sexta-feira, 25 de julho de 2014

PARÁBOLAS DE JESUS - LUCAS 10:25—37 — A PARÁBOLA DO SAMARITANO — SERMÃO 027C — PARTE 003 — O LEVITA

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Levitas Modernos. Descendentes de Levi? 

Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.

As partes anteriores da Parábola do Samaritano poderão ser encontradas por meio dos links abaixo:

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

Sermão 027C

A PARÁBOLA DO SAMARITANO — PARTE 3 — O LEVITA

LUCAS 10:25—37

25 E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

26 E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?

27 E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.

28 E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás.

29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

31 E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.

32 E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo.

33 Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão.

34 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;

35 E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar.

36 Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

37 E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira.

Continuação

3. O Levita

Tanto o Levita como o sacerdote são descritos por Cristo como agindo dentro de um mesmo padrão que foi primeiro estabelecido pelos ladrões: eles veem, vêm e vão embora. Pode não parecer mais tal descrição torna o sacerdote e o levita em pessoas semelhantes aos ladrões! Eles contribuem para aumentar o mal e a dor do homem ferido, por causa da negligência que demonstram.

A expressão grega ὁμοίως — omoíos — traduzida por “de igual modo” no verso 32, indica que o Levita estava seguindo na mesma direção do sacerdote. Ou seja, ele estava indo de Jerusalém para Jericó. É muito provável que o levita tivesse ciência que o sacerdote estava indo adiante dele. O autor J. D. M. Darrett imagina que o próprio samaritano tinha conhecimento que os outros dois — o sacerdote e o levita estavam indo à sua frente pelo caminho, e que tinham passado pelo homem ferido à beira da estrada.[1] A velha estrada romana ainda está visível e pode ser percorrida por turistas mais aventureiros. Pelo fato da estrada ter sido criada nas encostas das montanhas é possível, de qualquer parte mais alta, enxergar trechos da mesma mais abaixo, como acontece, por exemplo, com a Via Anchieta em São Paulo ou a estrada do Corcovado no Rio de Janeiro.

Além do mais, todos os viajantes naqueles dias, tinham extremo interesse em saber quem mais estava indo pelo caminho, exatamente, porque era possível a presença de salteadores. Era sobre esse tipo de conhecimento que, muitas vezes, a vida e a segurança de um viajante dependiam. 

No caso da parábola que estamos estudando, assumir o fato que os viajantes mencionados tinham ciência da presença dos outros adiante deles, é, em nossa opinião, parte da trama da estória que Jesus está contando.

Os levitas não estavam obrigados aos mesmos e inúmeros regulamentos que escravizavam os sacerdotes. O levita sempre poderia lançar mão de uma latitude maior em suas ações do que aquelas que um sacerdote era capaz. O levita estava obrigado a manter-se cerimonialmente puro somente durante os dias de serviço no templo em Jerusalém. Por esse motivo, como ele já tinha cumprido seu período de serviço, ele poderia muito bem prestar socorro ao homem caído à beira da estrada. E, no caso do homem já estar morte, ou caso morresse em seus braços as repercussões seriam de pouca importância.

É curioso notarmos que Jesus nos diz que, ao contrário do sacerdote, o levita se aproxima do homem caído. Isso está refletido na expressão “chegando àquele lugar”. Enquanto, do sacerdote, Jesus diz apenas que: “vendo-o passou de largo”. Não são poucos os comentaristas que concordam que a expressão “chegando àquele lugar” indica que o levita se aproximou do homem caído. Desse modo, é possível que o levita tenha ido além da linha limite da contaminação, que era de 4 cúbitos — algo entre 1,80 e 2 metros — com o objetivo de satisfazer sua curiosidade. Mas depois de tudo isso, ele tomou a decisão de se afastar sem fazer nada para ajudar. Medo de se contaminar, não pode ser aceito como uma justificativa aceitável para a ação do levita. Medo de ladrões é possível. Mas o mais provável é que ele esteja seguindo o “mau” exemplo estabelecido pelo sacerdote que era seu superior. É fácil a gente racionalizar atitudes erradas quando vemos pessoas superiores agindo de forma errada. Mas como diz R. C. Trench: “o levita, por sua vez, pode ter pensado que não era sua obrigação se envolver numa questão tão delicada e perigosa, situação essa, que até mesmo um sacerdote tinha evitado se envolver. Não se tratava de uma questão de dever, caso contrário o sacerdote jamais teria se omitido de oferecer socorro. Para o levita se envolver agora nessa situação corresponderia a afrontar seu superior, o sacerdote, que havia se recusado a fazer qualquer coisa, de ter um coração duro e de praticar um ato desumano”[2].

Mas, mais do que acusar o sacerdote de dureza de coração, se o levita tivesse ajudado o homem caído estaria acusando o sacerdote de não saber a interpretar a Lei de Deus, a qual ele, o sacerdote, era responsável de ensinar ao povo de Israel.
Tal qual o sacerdote, o levita também não tem como saber se o homem caído à beira da estrada é seu próximo — no caso um judeu. Esse talvez seja um dos motivos porque ele se aproxima do homem caído. Talvez o homem caído possa falar? Não conseguindo fazer uma identificação positiva, ele prefere virar às costas ao necessitado e seguir seu caminho. Seja qual for sua verdadeira motivação, o resultado final é o mesmo; apesar de toda sua orientação religiosa, não existe nada nessa orientação que o leve a ajudar o homem ferido e necessitado.

O levita, sendo parte de uma classe social inferior à do sacerdote, está, provavelmente, andando pelo caminho. Mesmo sem ter condições de transportar o homem necessitado para um lugar seguro, ele ainda assim, poderia ter prestado um mínimo de socorro ao mesmo. Mas em vez disso, ele apenas segue seu caminho.

Na próxima parte vamos falar do samaritano.

Continua...


OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.

 Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.


[1] Darret, J. D. M. Law in The New Testament. Darton, Longman and Todd, London, 1970.
[2] Trech. Richar Chenevix. Notes on The Parables of Our Lord. D. Appleton and Company, New York, 1881. Citado por Bailey, Kenneth E., em Through Peasant Eyes – More Lucan Parables. William B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, 1980.

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