terça-feira, 11 de novembro de 2014

Gênesis Estudo 025 — CAIM, O PRIMEIRO CONSTRUTOR DE UMA CIDADE E O PRIMEIRO PSEUDOSSALVADOR DA HUMANIDADE


Fotografia de uma das mais antigas cidades conhecidas

Este estudo é parte de uma Análise do Livro do Gênesis. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da História Primeva da Humanidade. No final de cada estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo. 

O Livro do Gênesis

O Princípio de Todas as Coisas

  בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ        
            Eretz   ha  ve-et  Hashamaim  et      Elohim        Bará       Bereshit
            Terra   a      e        céus       os        Deus         criou   princípio No
Gênesis 1:1
CONTINUAÇÃO...

D. Caim como o Primeiro Construtor de uma Cidade e o Primeiro Pseudo Salvador da Humanidade

A primeira cidade da história humana, construída por Caim, além de servir como elemento de segurança para ele mesmo e sua família, era também bastante representativa da rebelião instaurada em seu coração, pois ia frontalmente contra o mandamento do Criador para מִלְאוּmileuencher a terra

Gênesis 1:28

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.

Caim, como o primeiro construtor de uma cidade imagina seu ato como a resposta mais apropriada a seus desejos mais profundos de segurança e eternidade. A relação entre estes dois anseios mais profundos de sua alma pode ser vista através do nome que ele atribuiu à cidade e a seu filho primogênito:

1. E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque.

2. Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho.

Por que teria Caim atribuído a seu filho primogênito, bem como à cidade que edificou, um e o mesmo nome? Comecemos pela cidade que Caim construiu. Aquele era um lugar onde ele podia, acima de tudo, ser ele mesmo. O lugar onde ele podia se sentir seguro, onde poderia encontrar descanso e deixar de ser vagabundo no sentido próprio do termo — alguém que leva uma vida errante; que vagueia. Além disso, a cidade representava para Caim um sinal visível da sua segurança. De acordo com a decisão que ele havia tomado de “retirar-se da presença do SENHOR”, sua segurança dependia agora dele mesmo apenas. A construção da cidade, portanto, é consequência direta do ato criminoso de Caim e de sua recusa terminante de aceitar a segurança oferecida por Deus.

O Éden de Deus é substituído pela cidade de Caim, da mesma maneira que o propósito que o Deus Criador tinha para Caim foi substituído pelos planos que o próprio Caim fizera para si mesmo. Sua cidade e seu filho são chamados de Enoque e isto não é mera coincidência. Esse nome é derivado do verbo que significa: dedicar, inaugurar ou iniciar. Para Caim seus atos possuem um profundo significado. Eles representam um novo princípio, não como o “princípio” originado por Deus e mencionado em Gênesis 1:1, e sim algo completamente diferente. Algo iniciado pelo homem e dependente do ser humano. “No princípio Deus” nos diz o livro do Gênesis. Para Caim, porém, Deus não era mais nem apropriado nem pertinente. Um novo início era necessário. Um início centrado no homem, em sua mente distorcida e seu coração enfermo pelo pecado. É como se Caim estivesse dizendo: “Vou mostrar a Deus como as coisas devem, de fato, serem feitas”.

A cidade de Caim se opõe ao Éden de Deus. A proposta de Caim é grandiosa. Ele deseja reconstruir o mundo conforme a sua imagem e semelhança. Para alcançar seu objetivo Caim arrasta a criação para dentro do mesmo abismo em que ele se encontrava. Abismo de escravidão, de pecado e de uma amargurada revolta que, tenta a todo custo, se libertar dessa situação. Com isto Caim aumenta ainda mais a distância que existia entre ele e o Deus Criador. É dessa revolta que nasce a primeira cidade. Sua maior dificuldade, todavia, é que a solução para os problemas que ele enfrentava estava concentrada nas mãos de Deus, e isto era algo que ele não podia tolerar. Caim deseja encontrar, por si mesmo, a solução para todos os dilemas que seus atos haviam criado. Mas seus projetos apenas agregam ofensa à injúria. Cada novo ato de sua parte representa uma ofensa ainda maior a Deus, e o afunda em um abismo cada vez mais profundo.

A civilização humana, como a definimos em tempos modernos, começa com o estabelecimento de uma cidade e com tudo o que essa cidade representa. Para Caim, Deus se torna apenas uma figura imaginária, uma hipótese. Por modo semelhante o Paraíso se torna em uma lenda e a própria criação não passa de um mito. Quando Caim decide chamar seu filho e sua cidade de Enoque — início — ele estava coberto de razão. Por todos os cantos do planeta Terra nós encontramos exemplos de como aquele início se desenvolveu e se tornou ubíquo. Ao registrar a história de Caim como construtor da primeira cidade — Gênesis 4:17 — a Bíblia nos revela muito mais do que o mero ato ali descrito. Ela nos revela:

1. Qual era a intenção do ser humano ao decidir construir a cidade — dar o ponta pé inicial em um novo “princípio”, por completo, independente de Deus.

2. O que o ser humano esperava alcançar por meio daquela construção — uma segurança que fosse independente de Deus.

3. O que os pensamentos do ser humano desejavam estabelecer — um nome para si mesmo que se estendesse por toda a eternidade.

A palavra hebraica עִיר‘iyr — traduzida por cidade possui, na realidade, outros significados. Estes são: agitação, angústia e terror. Uma contração provinda da mesma raiz ‘ar — é traduzida pela palavra “inimigo”.

1 Samuel 28:16

Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o SENHOR te desamparou e se fez teu inimigo?

Esses significados denotam que as cidades não são apenas ajuntamentos de moradias, ruas, palácios, muralhas e etc. As cidades são forças espirituais. A primeira cidade foi fruto da revolta do ser humano e certamente “outras forças” estavam também presentes auxiliando o homem em sua empreitada. Como tal, as cidades possuem a capacidade de influenciar as pessoas. Elas podem direcionar e alterar o curso da vida espiritual dos seres humanos. As cidades não representam apenas o “urbano” em oposição ao “rural ou campestre”. Elas são poderosas na força de atração que exercem sobre as pessoas e compõe um mistério que chega ser, até mesmo, assustador. Se considerarmos, de forma desapaixonada, o significado da palavra עִיר‘iyr — agitação, angústia e terror, bem como da sua contração ‘ar – inimigo, nós podemos concluir que elas descrevem, de modo preciso, o que as cidades representam em pleno século XXI.

Por outro lado, a cidade como concebida por Caim, também não passava de um ídolo. Estava, portanto, destinada a ser destruída. Ao mesmo tempo, ela representava um poder cujo propósito era o de se elevar acima do próprio Deus. A cidade de Caim deveria representar para ele mesmo, muito daquilo que só podemos encontrar, de forma verdadeira, na pessoa do próprio Deus. Ao construir sua cidade Caim colocou toda sua revolta em cada parte. Se pudéssemos ver tal construção a partir do seu espectro espiritual, nós ficaríamos muito chocados com a terrível aparência da mesma. Todas as vezes que podemos presenciar este tipo de manifestação, nós estamos diante de uma força que só pode ser definida de uma maneira: demoníaca.

As atitudes de Caim são representativas daquelas que são comuns a todos os seres humanos. Caim foi pronunciado אָרוּר arur — maldito pelo Senhor —

Gênesis 4:11

És agora, pois, maldito por sobre a terra, cuja boca se abriu para receber de tuas mãos o sangue de teu irmão.

De modo semelhante todos os seres humanos, como descendentes de Adão, estão sobre a maldição da condenação do pecado. É somente em Cristo que nós podemos nos livrar desta maldição —

Gálatas 3:13

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)

E é por causa de Cristo que temos a promessa de que na eternidade “nunca mais haverá qualquer maldição” – ver Apocalipse 22:3. Mas, em vez de aceitar a provisão de Deus, tanto Caim, como outros seres humanos, buscam solucionar seus problemas por si mesmos. A posição de arrogância é refletida na imaginação que diz: “eu posso resolver meus problemas sozinho e sem o auxílio ou a bênção de Deus”. É por causa da maldição de Deus que pesa sobre os seres humanos que eles fazem de tudo para tornarem-se poderosos — poder manifesto em forma de riquezas, desenvolvimento, domínio, etc. Eles acreditam, em suas mentes doentias, que ao se tornarem poderosos poderão manter em cheque e impedir os efeitos da maldição proferida sobre suas cabeças. Esse é o verdadeiro motivo porque o homem desenvolve as artes e as ciências; porque ele organiza exércitos e constrói armamentos cada vez mais sofisticados; porque constrói cidades. A manifestação desse “espírito de poder” não passa de uma tentativa desesperada, do ser humano, de tentar paralisar ou até reverter as consequências de ser pronunciado אָרוּר arur — maldito pelo Senhor.

CONTINUA...

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020 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Livre Arbítrio — Parte 19

021 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Dois Adãos — Parte 20

022 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Era Pré-Patriarcal e a Mulher de Caim — Parte 21

023 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, O Primeiro Construtor de Uma Cidade — Parte 22

024 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Assassino e Fugitivo da Presença de Deus — Parte 23

025 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Primeiro Construtor de uma Cidade e Pseudo-Salvador da Humanidade — Parte 24

026 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Conclusão Acerca de Caim — Parte 25

027 — Estudo de Gênesis — Gênesis 5 — Sete e outros Patriarcas Antediluvianos — Parte 26

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045 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 001 — OS DESCENDENTES DE JAFÉ
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/genesis-estudo-045-tabua-das-nacoes.html

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Alexandros Meimaridis

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