terça-feira, 16 de junho de 2015

JONATHAN EDWARDS: A AGONIA DE CRISTO — UM ESTUDO — PARTE 005


Concepção artística de Cristo suando gotas de sangue.

O material abaixo é parte de um livro escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:

Fonte: CCEL.org │ Título Original: “Christ’s Agony”

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).

Tradução por Camila Almeida │ Revisão William Teixeira

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A AGONIA DE CRISTO

Por Jonathan Edwards

“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.”
– Lucas 22:44 –

Agonia de Cristo

Jonathan Edwards

CONTINUAÇÃO...

II. Que o conflito que a alma de Cristo então suportou foi ocasionado por aquelas visões e apreensões. A tristeza e angústia que a Sua alma sofreu nesta ocasião, surgiu a partir daquela visão plena e vigorosa, e imediata que Ele teve, assim, oferecida a Ele sobre aquele cálice de ira; pelo que Deus o Pai fez como que colocar o cálice diante dEle, para que Ele o tomasse e bebesse. Alguns têm perguntado o que ocasionou aquela angústia e agonia, e muitas especulações têm existido sobre isso, mas o relato que a própria Escritura nos dá é suficientemente completo nesta matéria, e não deixa espaço para a especulação ou dúvida. A única coisa pela qual a mente de Cristo estava tão cheia naquela época era, sem dúvida, o mesmo com que a Sua boca estava tão cheia; era o receio que Sua fraca natureza humana tinha daquele cálice terrível, que era muito mais terrível do que a fornalha ardente de Nabucodonosor. Ele teve, então, uma visão próxima da fornalha de ira, na qual Ele devia ser lançado; Ele foi levado para a boca da fornalha para que Ele pudesse olhar para ela, e permanecer e ver as chamas furiosas, e ver as brasas de Seu calor, a fim de que Ele pudesse conhecer para onde estava indo e o que Ele estava prestes a sofrer. Isso foi o que encheu a Sua alma de tristeza e escuridão, esta visão terrível como que o dominou. Pois, o que era a natureza humana de Cristo diante de tão poderosa ira como esta? Esse era, em si mesmo, sem os auxílios de Deus, apenas um fraco verme de pó, uma coisa que foi esmagada pela traça, nenhum dos filhos de Deus já teve tal cálice colocado diante de si, como sendo este o primeiro que qualquer criatura já teve. Mas, para não insistir por mais tempo sobre isso, apresso-me a mostrar,

III. Que o conflito na alma de Cristo, nessa visão de Seus últimos sofrimentos, era terrível, além de toda expressão ou concepção. Isso será evidenciado:

1. A partir do que é dito de Seu horror, pela história. Por um evangelista nos é dito, (Mateus 26:37): “começou a entristecer-se e a angustiar-se muito”. E por outro, (Marcos 14:33): “E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se”. Estas expressões expõem a intensa e avassaladora angústia em que estava Sua alma. As expressões de Lucas de Seu ser estar em agonia, conforme o significado da palavra no original, implica não em um nível comum de sofrimento, mas tal angústia extrema que Sua natureza teve um violentíssimo conflito com isso, como um homem que luta com todas as suas forças com um homem forte, que labuta e emprega a sua força máxima para conquistar uma vitória sobre ela.

2. A partir do que o próprio Cristo diz sobre isso, que não era acostumado a ampliar as coisas para além da verdade. Ele diz: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo” (Mateus 26:38). Que linguagem poderia expressar mais fortemente o mais extremo grau de tristeza? Sua alma não estava apenas “triste”, mas “cheia de tristeza”; e não somente isso, mas porque isso não expressa plenamente o nível de Sua tristeza, Ele acrescenta, “até a morte”; o que parece sugerir que as próprias dores e sofrimentos infernais, da morte eterna, haviam se apossado dEle. Os Hebreus estavam acostumados a expressar o maior nível de tristeza que qualquer criatura pudesse ser passível pela frase: a sombra da morte. Cristo tinha agora, por assim dizer, a sombra da morte trazida sobre a Sua alma pela visão próxima que Ele tinha do cálice amargo, que agora estava posto diante dEle.

3. A partir disso temos o efeito que isto teve sobre Seu corpo, causando aquele suor de sangue que lemos no texto. Em nossa tradução diz-se, que “o Seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão”. A palavra traduzida como “grandes gotas” é no original θρόμβοι — thómboi —, que significa propriamente caroços ou coágulos; pois podemos supor que o sangue que foi pressionado para fora através dos poros de Sua pele pela violência daquela luta interna e conflito, de forma que quando chegou a ser exposto ao ar fresco da noite, congelou e endureceu, como é a natureza do sangue, e por isso caiu dEle não em gotas, mas em coágulos. Se o sofrimento de Cristo houvesse ocasionado apenas um suor violento, isto teria mostrado que Ele estava em grande agonia; pois deve ser um sofrimento extraordinário e exercício da mente que faz com que o corpo esteja todo suado e exposto ao ar livre, em uma noite fria, como aquela era, como é evidente em João18:18: “Ora, estavam ali os servos e os servidores, que tinham feito brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles estava Pedro, aquentando-se também”. Esta era a noite em que Cristo teve a Sua agonia no jardim. Mas a angústia e tristeza interior de Cristo não foram meramente as causas que o levaram a um suor violento e universal, mas, o que o fez suar sangue. A aflição e a angústia de Seu espírito eram tão indescritivelmente extremas como para forçar o sangue através dos poros de Sua pele, e isto tão abundantemente como a cair em grandes coágulos ou gotas de Seu corpo ao chão. Venho agora mostrar,

IV. O que se pode supor ser a finalidade especial de Deus em dar a Cristo de antemão essas visões terríveis de Seus últimos sofrimentos; em outras palavras, por que foi necessário que Ele deveria ter uma visão mais completa e extraordinária do cálice que devia beber, um pouco antes que Ele bebesse, como Ele jamais havia tido antes; ou por que Ele devia ter uma tal antecipação da Ira de Deus a ser suportada na Cruz, antes que o tempo viesse em que ele, de fato, a suportaria?

Resposta. Isto foi necessário, a fim de que Ele pudesse tomar o cálice e bebê-lo, sabendo o que Ele faria. A menos que a natureza humana de Cristo tivesse uma extraordinária visão dada a Ele de antemão do que Ele devia sofrer, Ele não poderia, como homem, conhecer totalmente, de antemão, o que Ele estava a sofrer, e, portanto, não poderia, como homem, saber o que Ele faria quando Ele tomasse o cálice para bebê-lo, porque Ele não conheceria plenamente o que era o cálice – sendo este um cálice que Ele nunca bebeu antes. Se Cristo houvesse mergulhado a Si mesmo nesses sofrimentos terríveis, sem estar de antemão totalmente sensível de sua amargura e horror, Ele teria feito, o que Ele não sabia. Como homem, Ele teria mergulhado a Si mesmo em sofrimentos de quantidade que Ele era ignorante, e assim teria agido de olhos vendados; e, claro, Sua apreensão sobre esses sofrimentos não poderia ter sido tão plenamente Seu próprio ato. Cristo, como Deus, perfeitamente sabia o que eram aqueles sofrimentos; porém foi mais necessário também que Ele conhecesse como homem; pois Ele devia sofrer como homem, e o ato de Cristo em tomar esse cálice foi o ato de Cristo como Deus homem.

Mas o homem Cristo Jesus, até então, nunca havia tido a experiência de tais sofrimentos como Ele deveria agora suportar na cruz; e, portanto, Ele não poderia conhecer plenamente o que eram antes, senão por ter uma visão extraordinária deles estabelecida diante dele, e um extraordinário sentido deles impresso em Sua mente. Temos ouvido falar de torturas que os outros sofreram, mas nós não sabemos completamente o que eram, porque nunca experimentamos; e é impossível que devamos conhecer plenamente o que eram, senão em uma dessas duas maneiras, seja por vivenciá-las, ou por ter sido oferecida uma visão delas, ou um sentido delas impressas de uma forma extraordinária em nós. Tal sentido foi impresso na mente do homem Cristo Jesus, no jardim do Getsêmani, sobre Seus últimos sofrimentos, e isso causou a Sua agonia. Quando Ele teve uma plena visão dada a Ele daquela Ira de Deus que Ele devia sofrer, a visão foi esmagadora para Ele; o que fez a Sua alma cheia de tristeza até a morte. Cristo estava para ser lançado em uma fornalha terrível da ira, e não era apropriado que Ele mergulhasse nela de olhos vendados, como não conhecendo quão terrível era a fornalha. Portanto, para que Ele não o fizesse, Deus em primeiro lugar, o trouxe e o colocou na boca da fornalha, para que Ele pudesse olhar para dentro, e permanecer e ver as ardentes e furiosas chamas, e pudesse ver para onde estava indo, e pudesse entrar voluntariamente nela e suportá-la pelos pecadores, como sabendo o que era.

Esta visão Cristo teve em Sua agonia. Em seguida, Deus trouxe o cálice que Ele devia beber, e o colocou diante dEle, para que Ele tivesse uma visão completa do mesmo, e contemplar o que era, antes que Ele tomasse e bebesse. Se Cristo não tivesse totalmente conhecido o que o horror daqueles sofrimentos eram, antes que Ele os levasse sobre Si, Seu tomá-los sobre Ele não poderia ter sido totalmente Seu ato próprio como homem; não poderia ter havido nenhum ato explícito de Sua vontade sobre o que Ele era ignorante; não poderia ter havido nenhum julgamento adequado, se Ele estaria disposto a submeter-se a tais sofrimentos terríveis ou não, a menos que Ele soubesse de antemão quão terrível eles eram; mas quando viu que eles eram, por ter oferecido a Ele uma visão extraordinária deles, e, em seguida, aceitou suportá-los; então, Ele agiu como conhecendo o que Ele fez; assim tomando esse cálice, e tendo tais sofrimentos terríveis, foi corretamente Seu próprio ato de uma escolha explícita; e assim o Seu amor para com os pecadores, esta escolha dEle foi maravilhosa, como também a Sua obediência a Deus nela. E era necessário que essa visão extraordinária que Cristo teve do cálice que devia beber fosse dada neste momento, pouco antes de ser preso. Este foi o momento mais adequado para isso, pouco antes que Ele tomasse o cálice, e enquanto Ele ainda tinha a oportunidade de recusar o cálice; pois antes que Ele tivesse sido detido pela companhia liderada por Judas, Ele teve a oportunidade de fazer a Sua fuga à vontade de Deus. Pois o lugar onde Ele estava, era fora da cidade, onde, absolutamente, Ele não estava confinado, e era um lugar deserto e solitário; e era o período da noite; de modo que Ele poderia ter fugido daquele lugar par aonde ele quisesse, e Seus inimigos não teriam sabido onde o encontrar. Essa visão que Ele teve do cálice amargo foi-lhe dada enquanto Ele ainda estava totalmente em liberdade, antes de ser entregue nas mãos de Seus inimigos. O entregar-se de Cristo nas mãos de Seus inimigos, como Ele o fez quando Judas veio, o que foi logo após a Sua agonia, foi propriamente Seu ato de tomar o cálice, a fim de bebê-lo; pois Cristo conhecia que a questão do que seria a Sua crucificação no dia seguinte. Essas coisas podem nos mostrar a finalidade da agonia de Cristo, e a necessidade que havia de tal agonia antes de Seus últimos sofrimentos:

CONTINUA...



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JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE ESTUDO PARTE 002

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JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 011 — APLICAÇÃO 002

UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/08/jonathan-edwards-uma-breve-biografia.html

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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