sexta-feira, 5 de junho de 2015

UM ESTUDO SOBRE O PECADO — PARTE 013E — PECADO E CASTIGO — PARTE E


Concepção artística de Jesus com Pedro, Tiago e João no Getsêmane.

Essa é uma série cujo propósito é estudar, com profundidade, os ensinamentos da Bíblia acerca do pecado, com uma ênfase especial na questão do chamado “pecado para a morte”. Os demais estudos dessa série poderão ser acessados por meio dos links alistados no final desse estudo.  

13F. Pecado e Castigo — PARTE E

CONTINUAÇÃO...

MARCOS 14:38—42

Verso 38

Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o Espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.

Vigiar e orar é uma combinação poderosa. Jesus repete a ordem dada no verso 34 acerca de vigiar, manter-se alerta, mas acrescenta que é necessário ocupar esse tempo com oração. Aqui existe uma indicação clara que não basta se manter acordado fisicamente. É necessário estarmos despertados espiritualmente para resistirmos às tentações. Jesus nos ensinou a orar dizendo:

Mateus 6:13

E não nos deixe cair em tentação.

O próprio Senhor estava sendo tentado e estava também usando os mesmos recursos que Ele estava recomendando aos discípulos.

Mas qual era a tentação que os discípulos estavam enfrentando? Era a de não serem leais a Jesus. Os discípulos juntamente com a grande maioria dos Judeus acreditavam e esperavam uma manifestação política do Reino de Deus, destruindo os Romanos e tornando os Judeus os senhores do mundo. Eles estavam até um pouco “preparados” para lutar por este Reino — ver Lucas 22:36—38 — mas neste mesmo contexto Jesus lhes reafirma que o propósito de Sua vinda não era reinar e sim cumprir as profecias acerca dos Seus sofrimentos — verso 37. Mas quando vissem seu Senhor, aprisionado, julgado, crucificado e morto; quando vissem Jesus submetido a todas estas coisas sem poder aparente para Se livrar, então “essa” seria a hora da grande tentação que os discípulos enfrentariam. É em vista dessa possibilidade que Jesus os exorta a vigiar e orar para que não caiam em tentação, mas tenham a força para vencê-la. Mas de fato nós sabemos que todos eles, sem exceção, sucumbiram a essa tentação. Na hora da prisão de Jesus todos os discípulos fugiram!

O Espírito — A parte não material dos seres humanos que é capaz de manter comunhão com Deus através da adoração e de receber a graça de Deus.

A Carne — Neste contexto, diz respeito à natureza humana com suas fragilidades físicas e psicológicas. Não deve ser confundida, neste contexto, com o conceito de carne como o assento da natureza pecaminosa contrária a Deus.

O Espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. A mente, o coração, o Espírito, nossa parte não material está preparada e disposta a suportar as tentações — os testes—, mas a “carne”, nossos sentimentos, influenciados pelo medo do perigo, é fraca e normalmente nos engana quando as tentações aparecem. É como se Jesus estivesse dizendo para eles: apesar de vocês possuírem uma fé forte o suficiente e acreditarem agora que não irão me negar — ver Mateus 25:35 — a natureza humana é muito fraca e tende a se encolher na hora da tentação, por este motivo, vocês devem buscar auxílio lá do alto.

Verso 39

Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras.

Isto não quer dizer que ele tivesse usado literalmente as mesmas palavras e sim que orou na mesma linha de pensamento. De fato Mateus indica outro conjunto de palavras, mas com a mesma intenção —

Mateus 26:42

Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.

É muito provável que nosso Senhor gastou um tempo considerável em oração e que os evangelistas tenham preservado a “essência” de suas palavras. Jesus, como o texto inteiro nos mostra deve ter retornado várias vezes aos discípulos para adverti-los e demonstrar Seu profundo interesse pelo bem estar deles. Cada vez que Jesus retornava Sua tristeza aumentava. Novamente Ele procura o lugar de oração, pois à medida que Seus sofrimentos se aproximavam, Ele sentia-se avassalado pelos mesmos. A oração era o recurso mais poderoso a Seu dispor. Jesus, mesmo sendo Deus, ao tomar a forma humana esvaziou-se — ver Filipenses 2:5—8 — não somente para servir de propiciação pelos nossos pecados, mas também para se tornar o exemplo perfeito da santidade entre os seres humanos. Para que isso fosse alcançado Ele precisava se submeter às condições comuns a toda humanidade, ou seja, Ele deveria viver como qualquer pessoa, ser sustentado como qualquer outra pessoa, sofrer como qualquer outra pessoa e ser fortalecido como qualquer outra pessoa; Ele não poderia tirar vantagem da Sua Santidade, nem da Sua Divindade, mas precisava se submeter ao lote comum a todas as pessoas piedosas. Assim sendo, Jesus não supria suas necessidades mediante atos de Sua Divindade, mas da forma ordinária e comum a todos os seres humanos; Ele se preservava dos perigos não como Deus — ver Mateus 26:53 — mas seguindo as formas comuns da prudência humana e da precaução. Jesus enfrentou as tentações como homem; recebeu conforto e consolação como homem. O próprio anjo enviado para ajudá-lo prova Sua humanidade acima de tudo —

Hebreus 1:14

Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?

Lucas nos diz em Lucas 22:44, que Jesus se encontrava em ἀγωνίᾳ agonía. Essa palavra é emprestada dos certames esportivos, especialmente dos eventos de luta livre, onde os atletas se esforçam física e mentalmente, muitas vezes, além do que se esperava. Neste contexto a palavra é usada para indicar extrema angústia mental e o enorme conflito produzido na natureza humana pelas perspectivas de calamidades avassaladoras.

O que tudo isto nos ensina é que o nosso pecado é algo terrível e não deve, em nenhuma hipótese, ser visto como algo inofensivo, engraçado ou insignificante. Foram nossos pecados que fizeram Jesus sofrer dessa maneira como estamos vendo. Por outro lado, Jesus nos deixa um exemplo a seguir. Ele não lançou mão de nenhum recurso que não esteja disponível a qualquer um de nós na nossa luta contra o pecado. A Bíblia nos desafia a considerarmos o exemplo de Jesus e a segui-lo de forma completa —

Hebreus 12:1—4

1 Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,

2 olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.

3 Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.

4 Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue. 

Verso 40

Voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder.

Sabedores da dor e angústia pela qual o Senhor estava passando, esses homens estavam obrigados a sustentá-lo de maneira mais vigilante. Por outro lado, Jesus demonstra Sua preocupação com eles voltando para ver como estavam, já que eles também precisavam estar vigilantes para atender suas próprias necessidades com a tentação por vir. Que privilégio nós temos de saber que aquele que nos oferece a salvação —

Salmos 121:4

Não dormita, nem dorme o guarda de Israel.

A história de Israel registra um caso em que Davi, quando teve o trono usurpado pelo próprio filho Absalão, seguiu chorando em direção à Jerusalém e todo o povo que estava com ele o acompanhava também chorando —

2 Samuel 15:30

Seguiu Davi pela encosta das Oliveiras, subindo e chorando; tinha a cabeça coberta e caminhava descalço; todo o povo que ia com ele, de cabeça coberta, subiu chorando.

Mas aqui temos “o filho de Davi” em prantos enquanto seus seguidores estão dormindo. Esses mesmos discípulos, quando em desespero, souberam acordar a Jesus para socorrê-los —

Mateus 8:26

Perguntou-lhes, então, Jesus: Por que sois tímidos, homens de pequena fé? E, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança.

mas não conseguiam se manter acordados nessa Sua hora de maior angústia, quando Jesus estava agonizando sobre os pecados deles e de nós todos. O que Jesus requereu dos discípulos era algo proporcionalmente pequeno com relação ao que estava sendo requerido d’Ele. Outro contraste pode ser visto nos servos de Naamã que cuidaram do seu senhor insistindo com ele para que ouvisse as palavras de Elias —

2 Reis 5:13

Então, se chegaram a ele os seus oficiais e lhe disseram: Meu pai, se te houvesse dito o profeta alguma coisa difícil, acaso, não a farias? Quanto mais, já que apenas te disse: Lava-te e ficarás limpo.

E vamos nos lembrar que a quantidade de tempo nem era muito significativa: uma hora, era tudo o que Jesus estava requisitando. Isaías quando requisitado por Deus serviu de atalaia por dias inteiros e noites inteiras —

Isaías 21:8

Então, o atalaia gritou como um leão: Senhor, sobre a torre de vigia estou em pé continuamente durante o dia e de guarda me ponho noites inteiras.

Jesus havia passado muitas noites inteiras em oração — será que isto nos diz alguma coisa? — mas naquelas noites Jesus não esperava que seus discípulos o acompanhassem. Nessa noite, quando todo o tempo disponível para orar era o de “uma hora” apenas, Jesus insistia com eles para que se mantivessem acordados.

Como já vimos eles precisavam se manter despertos e em oração para não caírem na armadilha que a tentação representava. Enquanto eles dormiam estavam perdendo a grande oportunidade de estarem unidos com Cristo em oração. Para nós fica a lição de que quando tentados devemos recorrer sempre à oração e duplicar nossa vigilância.

Os discípulos não tinham palavras para se expressar, mas o Senhor já os havia confortado com as palavras do verso 38, como era Sua função como nosso Advogado. Nisso Jesus nos dá o exemplo de como “o amor cobre multidão de pecados —

1 Pedro 4:8

Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.

Jesus certamente se lembrava das palavras do —

Salmo 78:38—39

38 Ele, porém, que é misericordioso, perdoa a iniquidade e não destrói; antes, muitas vezes desvia a sua ira e não dá largas a toda a sua indignação.

39 Lembra-se de que eles são carne, vento que passa e já não volta.

Os discípulos, como nós, enquanto viviam na terra manifestavam tanto o princípio de corrupção do pecado quanto da graça manifesta de Deus como Esaú e Jacó no mesmo ventre e como cananitas e israelitas na mesma terra.

CONTINUA...

OUTROS ESTUDOS SOBRE O PECADO

O PECADO — ESTUDO —001 — TERMOS GREGOS E HEBRAICOS E PALAVRAS INTRODUTÓRIAS

O PECADO — ESTUDO —002 — A QUEDA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 1

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O PECADO — ESTUDOS 010 E 011 — O PECADO ORGINAL E A DEPRAVAÇÃO TOTAL

O PECADO — ESTUDOS 012 — PECADO E A GRAÇA DE DEUS

O PECADO — ESTUDOS 013ª — PECADO E  O CASTIGO PARTE A

O PECADO — ESTUDOS 013B — PECADO E O CASTIGO PARTE B — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 001

O PECADO — ESTUDOS 013C — PECADO E O CASTIGO PARTE C — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 002

O PECADO — ESTUDOS 013D — PECADO E O CASTIGO PARTE D — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 003

O PECADO — ESTUDOS 013E — PECADO E O CASTIGO PARTE E — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 004

O PECADO — ESTUDOS 013F — PECADO E O CASTIGO PARTE F — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 005

O PECADO — ESTUDOS 014A — O PECADO PARA A MORTE — PARTE A — INTRODUÇÃO — QUESTÕES HERMENÊUTICAS

O PECADO — ESTUDOS 014B — O PECADO PARA A MORTE — PARTE B —DIFERENTES TIPOS DE PENAS E CASTIGOS PARA O PECADO IMPERDOÁVEL

O PECADO — ESTUDOS 014C — O PECADO PARA A MORTE — PARTE C —DIFERENTES TIPOS DE PESSOAS QUE PODEM COMETER O  PECADO IMPERDOÁVEL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/um-estudo-sobre-o-pecado-parte-014_13.html

Grande Abraço e que Deus possa abençoar a todos.

Alexandros Meimaridis

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