quinta-feira, 30 de junho de 2016

ENCONTROS DE PODER — 040 — O PERIGO DA IDOLATRIA



Atenção esse artigo é parte de uma série onde pretendemos tratar dos alegados encontros de poder e de curas maravilhosas que nos são apresentadas todos os dias pelos pastores midiáticos. No final de cada estudo você encontrará links para outros estudos.

Continuação...

No século V a.C, Empédocles argumentava a favor da ideia que os elementos, que são originais e construtivos mereciam serem chamados de “deuses”, uma vez que tudo era feito a partir deles. Mas não havia unanimidade acerca de qual deus representava qual elemento. Alguns, por exemplo, não identificavam o fogo com Zeus e sim com a deusa Héstia. Nesse sentido, os elementos funcionam apenas como características dos deuses. A divinização dos elementos era algo comum em toda extensão do período Greco-romano. Filo, um judeu da dispersão, reflete isso, no primeiro século a.C., ao afirmar: “Alguns têm deificado os quatro elementos: terra, água, ar e fogo”.

Em nossos dias, os cristãos têm enormes dificuldades para entenderem e apreciarem a impessoalidade desses elementos divinizados. Mas isso não é algo incomum fora dos círculos cristãos influenciados, especialmente, pelas doutrinas orientais. Para as pessoas imersas na cultura Greco-romana o conceito de divindade não envolvia pessoalidade, mas representava apenas um conceito vago de presença não consciente. Nesse sentido, tudo o que veio primeiro era considerado digno de ser adorado. Tal adoração não era lógica, necessariamente, mas apenas perceptiva e sensorial. Por esse motivo, Paulo enfatiza a superioridade de Cristo, quando comparado com esses poderes em passagens como —

Colossenses 2:15—20

15 Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;

16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.

17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.

18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia,

19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude

20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.

A expressão στοιχεῖαstoicheîa rudimentos, tem um sentido distinto em —

Colossenses 2:20

Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças.

Aqui Paulo se dirige aos Colossenses com uma pergunta hipotética. Seu receio era que os Colossenses acabassem sucumbindo às pregações de mestres itinerantes que infestavam as cidades da Ásia menor naqueles dias. Paulo desejava que os Colossenses continuassem avançando e que não retrocedessem nunca. Como eles, antes de se converterem, participavam ativamente do mundo pagão da cultura Greco-romana, é certo que, para eles, a expressão στοιχεῖαstoicheîa rudimentos, se referia a rituais e práticas do paganismo. Esses eram os rituais para os quais eles haviam morrido no batismo, mas para os quais estavam agora correndo o risco de retornarem pela influência dos falsos mestres. Dessa forma a expressão στοιχεῖαstoicheîa rudimentos, faz mesmo referência aos elementos comuns da religião seja pagã ou judia.

Como verdades parciais, os elementos tanto da filosofia como da piedade contêm apenas uma sombra da realidade —

Colossenses 2:17

Porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.

e esses mesmos elementos fracassam, por completo, quando tentam explicar Deus, seja por meio da razão —

Colossenses 2:8

Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo.

seja por meio da adoção de rituais —

Colossenses 2:11, 16

11 Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo.

16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados.

ou por meio da automortificação —

Colossenses 2:20—23

20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças:

21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro,

22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem.

23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.

O desejo de Paulo é que os Colossenses permaneçam “mortos” no que diz respeito às práticas humanas e para que não se rendam às falsas reivindicações pagãs, uma vez que as mesmas os fariam tropeçar e se desviarem da verdade e os fariam escravos de preceitos retirados da lei judaica. A similaridade com a atual judaização da fé evangélica, que vemos em nossos dias, é mesmo desconcertante.

Portanto, a expressão grega στοιχεῖαstoicheîa rudimentos, recebe sua definição apropriada pelo contexto que estamos analisando. Em Colossenses 2:8 a mesma fazia referência a certa ênfase sincrética e especulativa com relação aos elementos, como sendo os princípios fundamentais de toda realidade. Já em Colossenses 2:20 ela significa a totalidade das crenças e práticas que orientam a vida de qualquer indivíduo. Estamos falando de todas essas noções rudimentares e atos ritualísticos, socialmente aceitáveis, que caracterizam o todo da vida humana, seja em que sociedade que for.

Dessa maneira, nós podemos resumir o uso de στοιχεῖαstoicheîa rudimentos, da seguinte maneira de acordo com os contextos em que a mesma aparece:

1. O verdadeiro ABC dos princípios elementares da fé — Hebreus 5:12; Gálatas 4:9.

2. Os elementos básicos dos quais o universo é constituído — 2 Pedro 3:10, 12.

3. Os elementos básicos que constituem a existência religiosa comum tanto a gentios como a judeus — rituais, festivais, leis, crenças — Gálatas 4:3, 9; Colossenses 2:20.

4. Os primeiros elementos ou princípios fundamentais do Universo físico — Colossenses 2:8.

Diante desse resumo nós podemos afirmar que a preocupação de Paulo, ao tratar de cada um dos aspectos mencionados acima, tinha a ver com o sério problema chamado idolatria. Que essa era mesmo sua preocupação maior é facilmente percebido pelo risco que todos nós corremos de começarmos a adorar os princípios básicos da existência. Isso acontece sempre quando nos entregamos a práticas religiosas por mero costume e sem reflexão, ou quando adotamos ideais filosóficos e até mesmo ideológicos. Sempre que isso acontece, então στοιχεῖαstoicheîa rudimentos, tornam-se verdadeiros deuses funcionais nas vidas das pessoas. Nesse estado, tais pessoas, passam a se dedicar a esses falsos deuses e a se distanciarem do Deus verdadeiro e do Seu Cristo, que são os primeiros e os últimos responsáveis por chamar tudo à existência, pelo mero poder de suas palavras, quando nada existia! Em estudos futuros falaremos mais dessa adoração idólatra.

CONTINUA...

LISTAS DOS ESTUDOS DE ENCONTROS DE PODER

001 — Introdução =

002 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Expressões Diversas

003 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀρχῆ — arché e ἄρχων — árchon.

004 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἐξουσίαις – exousías – potestades, autoridades.

005 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δυνάμεις — dunámeis — poderes.

006 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Θρόνοι— thrónoi — tronos.

007 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = κυριοτῆς — kuriotês — domínio.

008 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ὀνόματι — onómati — nome.

009 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἄγγελοs — ággelos — anjo.

010 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δαιμονίον — daimoníon — demônioπνεῦμα τὸ πονηρὸν — pneûma tò poniròn — espírito malignoἀγγέλους τε τοὺς μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχὴν— angélous te toùs me terèsantas tèn eautôn archèn — anjos, os que não guardaram o seu estado original ou anjos caídos.

011 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações.

012 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 2.

013 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 3 — Final.

014 — A Evidência do Novo Testamento – Parte 1 — Introdução

015 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 2 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 1

016 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 2

017 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — Romanos 13:1—3

018 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 4 — As Passagens Disputadas — Romanos 8:31—39

019 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 5 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 1

020 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 6 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 2

021 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 7 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 1

022 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 8 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 2

023 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 9 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 1

024 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 10 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 2

025 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 11 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 3

026 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 12 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 4

027 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 13 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 5

028 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 14 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 6

029 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 15 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 7 — A DESTRUIÇÃO DA MORTE E DE SEUS ALIADOS

030 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — A CRIAÇÃO DE TODAS AS COISAS POR MEIO DE E PARA O PRÓPRIO CRISTO

031 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES

032 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES —PARTE 002

033 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 17 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 001

034 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 18 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 002

035 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 19 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 003

036 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 20 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 004

037 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 21 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 005

038 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 22 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 006

039 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 23 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 007

040 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 24 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 008

041 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 25 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 009

042 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 26 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 010

043 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 27 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 011 — O PRÍNCIPE DA POTESTADE DO AR
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/encontros-de-poder-043-evidencia-do.html



044 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 28 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 012 — AS FORÇAS ESPIRITUAIS DO MAL — PARTE 001

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis.

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Desde já agradecemos a todos.        

quarta-feira, 29 de junho de 2016

PARÁBOLAS DE JESUS — SERMÃO 037D- MATEUS 18:12—14 E LUCAS 15:4—7 — A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA — PARTE 004



Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.

A Parábola da Ovelha perdida

A EXPLICAÇÃO DA PARÁBOLA

3. A Parábola da Ovelha Perdida foi Moldada com Base em Textos do Antigo Testamento?

Já tivemos a oportunidade de mencionar em outra parte dessa mesma parábola que imagens dum pastor conduzindo seu rebanho no Antigo Testamento fazem referência a Deus e aos líderes do povo de Israel. Ezequiel 34 é uma dessas passagens, porque ali encontramos um vocabulário muito parecido com o que temos na parábola que estamos estudando. Ezequiel 34 se refere a uma ovelha que se perdeu ou que se extraviou que são as duas expressões utilizadas por Mateus e Lucas na narrativa da Ovelha Perdida — ver Ezequiel 34:4 e 16 e comparar com Mateus 18:2 e Lucas 15:4.

O texto de Ezequiel 34 diz mais ainda. Nele temos afirmado o seguinte:

a. Ovelhas desgarradas por todos os montes — Ezequiel 34:6.

b. O próprio Deus irá procurar e buscar suas ovelhas — Ezequiel 34:11.

c. O próprio Deus irá cuidar de suas ovelhas — Ezequiel 34:16.

d. Deus irá julgar os que oprimem suas ovelhas — Ezequiel 34:17, 20—22.

e. O texto afirma que Deus levantará a Davi para cuidar de suas ovelhas — Ezequiel 34:23—24.

Outros textos também têm essas mesmas ênfase: Que Deus irá cuidar de seu povo e que levantará a Davi como pastor sobre elas. Algumas das outras passagens são:

Jeremias 23:1—6

1 Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! —diz o SENHOR.

2 Portanto, assim diz o SENHOR, o Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a maldade das vossas ações, diz o SENHOR.

3 Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; serão fecundas e se multiplicarão.

4 Levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e elas jamais temerão, nem se espantarão; nem uma delas faltará, diz o SENHOR.

5 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.

6 Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.

Zacarias 11:3—17

3 Eis o uivo dos pastores, porque a sua glória é destruída! Eis o bramido dos filhos de leões, porque foi destruída a soberba do Jordão!

4 Assim diz o SENHOR, meu Deus: Apascenta as ovelhas destinadas para a matança.

5 Aqueles que as compram matam-nas e não são punidos; os que as vendem dizem: Louvado seja o SENHOR, porque me tornei rico; e os seus pastores não se compadecem delas.

6 Certamente, já não terei piedade dos moradores desta terra, diz o SENHOR; eis, porém, que entregarei os homens, cada um nas mãos do seu próximo e nas mãos do seu rei; eles ferirão a terra, e eu não os livrarei das mãos deles.

7 Apascentai, pois, as ovelhas destinadas para a matança, as pobres ovelhas do rebanho. Tomei para mim duas varas: a uma chamei Graça, e à outra, União; e apascentei as ovelhas.

8 Dei cabo dos três pastores num mês. Então, perdi a paciência com as ovelhas, e também elas estavam cansadas de mim.

9 Então, disse eu: não vos apascentarei; o que quer morrer, morra, o que quer ser destruído, seja, e os que restarem, coma cada um a carne do seu próximo.

10 Tomei a vara chamada Graça e a quebrei, para anular a minha aliança, que eu fizera com todos os povos.

11 Foi, pois, anulada naquele dia; e as pobres do rebanho, que fizeram caso de mim, reconheceram que isto era palavra do SENHOR.

12 Eu lhes disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas de prata.

13 Então, o SENHOR me disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui avaliado por eles. Tomei as trinta moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do SENHOR.

14 Então, quebrei a segunda vara, chamada União, para romper a irmandade entre Judá e Israel.

15 O SENHOR me disse: Toma ainda os petrechos de um pastor insensato,

16 porque eis que suscitarei um pastor na terra, o qual não cuidará das que estão perecendo, não buscará a desgarrada, não curará a que foi ferida, nem apascentará a sã; mas comerá a carne das gordas e lhes arrancará até as unhas.

17 Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! A espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; o braço, completamente, se lhe secará, e o olho direito, de todo, se escurecerá.

Diante dessas passagens não temos como contra-argumentar acerca da influência de passagens do Antigo Testamento na criação da parábola da Ovelha Perdida.

Tudo isso nos leva outros dois aspectos muito importantes na narrativa da parábola da Ovelha Perdida:

a. A parábola é uma severa crítica contra as lideranças daqueles dias por falharem em cuidar das ovelhas representadas pelo povo de Israel. Eles não estavam fazendo nada no sentido de buscar e salvar as ovelhas perdidas.

b. Jesus, por sua vez, assume o papel de pastor do povo e se declara como aquele que faz a vontade de Deus colocando-se a serviços das ovelhas.

Outras implicações de textos do Antigo Testamento poderá ser vista na longa defesa que Kenneth Bailey faz acerca do uso de imagens do Salmo 23 no contexto da Parábola da Ovelha Perdida[1].

A contribuição singular de Bailey na discussão da parábola da Ovelha Perdida e seu relacionamento com o Salmo 23 está em seu argumento que a afirmação “refrigera-me a alma” em Salmos 23:3 pode ser traduzida pela expressão “resgata minha alma”. Nesse sentido a mesma teria então os seguintes sentidos: a) Ele me faz voltar; b) Ele me faz com que me arrependa. Para Bailey o arrependimento representa a “aceitação de ter sido encontrado”.

Concluindo essa parte, podemos afirmar o seguinte: O uso de figuras retiradas do Antigo Testamento suprem as palavras do Senhor Jesus com imagens poderosas e facilmente compreendidas pelos ouvintes que apontam para: a) uma acusação direta de Jesus contra os líderes judeus de sua época no que diz respeito ao cuidado que deveriam ter com as ovelhas; b) o caráter amoroso de Deus e seu próprio ministério caracterizado pelas palavras buscar e salvar:

Lucas 19:10

Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.

CONTINUA...




OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/11/parabolas-de-jesus-mateus-181214-e.html

037H — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 008 — Conclusão.
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/05/parabolas-de-jesus-sermao-037h-parabola.html

037 — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Completa
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/06/parabolas-de-jesus-sermao-037-parabola.html



038A — PARÁBOLAS DE JESUS — A PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA — LUCAS 15:8—10 —— PARTE 001
Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos. 


[1] Bailey, Kenneth E. As Parábolas de Lucas. Edições Vida Nova, São Paulo, 1995

terça-feira, 28 de junho de 2016

COMO O NOVO TESTAMENTO CHEGOU ATÉ NÓS — ESTUDO 011



Essa é uma série estritamente acadêmica, mas não existe na mesma absolutamente nada que impeça a leitura por todas as pessoas. De fato, queremos incentivar que todos possam ler esses artigos e compartilhar os mesmos com todos os seus contatos, parentes e conhecidos.

ESTUDO 011 — ESCRIBAS E OS MANUSCRITOS QUE PRODUZIRAM — PARTE 003

CONTINUAÇÃO...

No começo da expansão da fé cristã, os manuscritos de documentos bíblicos, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, eram encomendados por indivíduos que tinham recursos para uso próprio e também para serem doados para congregações de cristãos. Por causa do crescimento acelerado do número de cristãos, a demanda por mais e mais cópias de livros, especialmente do Novo Testamento, tornou-se cada vez maior. Com isso o inevitável aconteceu. Inúmeras cópias foram produzidas com grande rapidez em detrimento da qualidade que a tarefa exigia. Agostinho de Hipona chegou a reclamar de tal produção massiva dizendo que: pessoas com pouco conhecimento do grego e do latim se metiam a fazer traduções e cópias de qualidade muito abaixo da esperada.

Todavia, durante o quarto século, quando os cristãos receberam a aprovação imperial, então tornou-se comum a produção de manuscritos de forma comercial. Essas cópias manuscritas eram produzidas por empresas comerciais em locais chamados de scriptoria — lugar em que se escreve. As mesmas eram produzidas, simultaneamente, por um grupo de escribas distribuídos pelo recinto com o material necessário para executar a tarefa. Isso, por sua vez, era feito por meio de um indivíduo que lia — lector — o material de forma pausada para que fosse devidamente escrito, simultaneamente, por todos os copistas contratados. Dessa forma, diversas cópias eram produzidas ao mesmo tempo, como resultado dos copistas contratados pelo scriptorium. Não é difícil imaginar que esse meio de reprodução de manuscritos favorecia o cometimento dos mais diversos erros. Não era incomum que um dos escribas não estivesse 100% atento num ou noutro momento. Um espirro ou qualquer outro tipo de ruído era suficiente para impedir a audição correta daquilo que estava sendo lido. Além disso, a língua grega, por suas peculiaridades, não auxiliava nesse processo. Um caso notável é Romanos 5:1. Algumas cópias trazem o verbo grego como estando no presente do indicativo e outras, como estando no presente do subjuntivo. A diferença é causada por uma única e mesma letra em grego. No caso da forma indicativa a escrita é ἔχομεν échomen — temos. Já no caso do subjuntivo, a forma escrita é ἔχωμεν — échOmen — tenhamos. Note que a diferença é que no primeiro caso se usa um ômicron e no segundo um ômega. O som das duas palavras é praticamente idêntico. Essa duplicidade aparece em versões em português.

Romanos 5:1 na Almeida Revista e Atualizada

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

Romanos 5:1 na Almeida Revisada de acordo com os melhores textos

Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

Nota: os chamados “melhores textos” mencionado acima são alegadamente e não necessariamente “melhores”.

Visando minorar esses erros, os manuscritos produzidos em scriptoria eram revisados por um indivíduo especialmente treinado para detectar os erros e corrigi-los. Mais adiante falaremos dos erros mais comuns cometidos pelos copistas, pois os mesmos eram bem conhecidos e estavam catalogados. As anotações do revisor são facilmente perceptíveis por causa do tipo de escrita e também por meio do uso duma tinta especial usada para esse fim.

Os escribas contratados por um scriptorium eram pagos de acordo com o número de linhas que tinham produzido. A extensão das linhas era padronizada e para isso, usava-se ou o hexámetro homérico ou o trímetro lírico. Quando cópias em prosa eram produzidas — como é o caso dos manuscritos do Novo Testamento — uma linha, que era chamada de stichos tinha dezesseis — às vezes quinze — sílabas, e era usada como padrão para os pagamentos. No ano 301 um decreto promulgado pelo imperador Diocleciano fixou o salário a ser pago pelos serviços de cópias em: 25 denários para cada 100 linhas de cópia de primeira qualidade e 20 denários para cópia de segunda qualidade. O que, exatamente, diferenciava uma cópia das outras não foi especificado. Para se produzir uma cópia da Bíblia inteira em grego — Antigo e Novo Testamento — o investimento necessário era da ordem de 30.000 denários.

Os scriptoria também criaram uma régua de medida que foi chamada de sticômetro — media o número de linhas numa coluna. Uma coluna que não tivesse o número correto de linhas, com base no sticômetro, era considerada defeituosa, por razões óbvias. Todavia a contagem de linhas não impedia que outros erros permanecessem no texto. Nos Evangelhos que foram produzidos usando o sticômetro o número padrão que sobressai é — em números arredondados: 2600 linhas para Mateus, 1600 linhas para Marcos, 2800 linhas para Lucas e 2300 linhas para João. Tal contagem implica a presença de Marcos 16:9—20 no Evangelho de Marcos e a ausência de João 7:53—8: no Evangelho de João em cópias aferidas. 

Mais adiante, já no período bizantino, as cópias eram produzidas por monges. Nos mosteiros não existia a pressão comercial que existia nos scriptoria. Em vez de copiarem os manuscritos a partir de algum ditado, os monges trabalhavam sozinhos em suas celas copiando os mesmos para si próprios ou para algum benfeitor do mosteiro. Tal tipo de reprodução massiva de cópias não estava sujeito aos mesmos tipos de erros que aconteciam por meio do método do ditado. Mas existiam outros fatores que também dificultavam a produção de cópias isentas de erros. O ato de copiar dentro da cela de um mosteiro tinha a seguinte ordem: 1) a autoleitura em tom de voz moderado; 2) a memorização temporária do material a ser copiado; 3) a recitação do material a ser copiado; 4) o movimento da mão na execução da cópia. Apesar desses passos serem realizados simultaneamente, ainda assim havia muitas oportunidades para a mente do copista divagar e fazer surgir graves erros.

Questões fisiológicas também concorriam para o surgimento de erros. O ato de copiar algo exige muita atenção e concentração. O leitor pode experimentar isso na prática selecionando uma passagem do Novo Testamento, digamos de apenas dez versículos, e tentar copiá-la. Você ficará surpreso com o resultado. Um dos maiores problemas enfrentado pelos copistas daqueles dias era a posição usada para se fazer a cópia. Geralmente a cópia era feita com o escriba sentado, com o original colocado sobre suas pernas e a cópia que estava sendo produzida se encontrava num nível mais alto. Tal posição exigia grande firmeza muscular e produzia intensa fadiga. Como disse um dos próprios copistas: “aquele que não domina a arte da escrita, imagina que a mesma não dever dar trabalho. É fato que usamos apenas três dedos para escrever, mas o corpo inteiro está envolvido nesse processo”. Não é incomum, encontrarmos no final dos manuscritos a expressão: “graças a Deus”, como uma forma de manifestação de alívio representada pelo término do trabalho.

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Alexandros Meimaridis

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