segunda-feira, 5 de setembro de 2016

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 012 — A HISTÓRIA — A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — PARTE 002

Resultado de imagem para A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO
Concepção artística do Cristo Pantocrator ou Todo Poderoso

Esse é um estudo especial que irá abordar temas de grande interesse, tais como: 1. Deus 2. Os seres humanos e o mundo criado 3. Jesus e Sua missão como o CRISTO. 4. O Espírito Santo. 5. A vida cristã. 6. A Igreja. 7. O futuro e etc. Esperamos que a mesma possa ajudar todos os nossos leitores a conhecerem melhor o que o Novo Testamento ensina acerca de tudo o que nos é importante.

INTRODUÇÃO GERAL

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO E A HISTÓRIA

A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — A VELHA ESCOLA — PARTE 002

b. A VISÃO NATURALISTA DE Hermann Samuel Reimarus

A velha escola da busca pelo Jesus histórico teve seu início com Hermann Samuel Reimarus, que viveu entre os anos de 1694 e 1768. Seus escritos mais importantes acerca do Jesus histórico circularam durante sua vida entre seus conhecidos como manuscritos anônimos. Fragmentos desses materiais começaram a ser publicados entre 1774 e 1778. Existe uma versão moderna disponível em língua inglesa[1].

Reimarus era filho de um estudioso de teologia e neto de um clérigo. Durante certo tempo Reimarus ensinou na faculdade de filosofia da Universidade de Wittenberg, mas a maior parte de sua vida acadêmica foi dedicada ao ensino de línguas orientais no Hamburg Acadeic Gymnasium entre de 1727 até 1768. Reimarus foi contemporâneo de grandes luminares da filosofia, tais como: Leibniz, Wolff, Locke, Berkeley e Hume. As influências desses homens podem ser percebidas com facilidade em seus escritos, principalmente a do deísmo inglês e do racionalismo de Wollf. Quando o material original atribuído a Wollf foi publicado — Wolfenbüttel Frangments — pela primeira vez, o mesmo causou certa agitação nos meios acadêmicos, pois havia um forte antagonismo e grande oposição quanto à publicação do mesmo. Em seguida, quando descobriu-se que o verdadeiro autor daquele material era o próprio Reimarus, sua família desaprovou a continuidade da publicação do mesmo, para salvaguardar a reputação da própria família, a salvaguarda dos bens familiares e pelo bem estar geral de todos seu parentes. Estudantes que estavam se preparando para o ministério viram-se perplexos e acabaram desistindo de seus estudos voltando-se para outras profissões.

O que Reimarus fez em seus escritos foi causar uma divisão entre a Cristandade e Jesus deixando apenas um pequeno quadro deísta da pessoa de Jesus. Esse Jesus, como não poderia ser diferente, era um Jesus conforme a religião natural. Ver o artigo anterior onde falamos acerca dos conceitos de religião natural e sobrenatural. Para ajudar o leitor a entender melhor a posição de Reimarus, segue um resumo de suas posições: Seu ponto de partida foi o conteúdo das pregações feitas por Jesus. Ele, então, chegou à conclusão que uma distinção profunda precisava ser feita entre a intenção e mensagem, ou seja, entre os ensinamentos de Jesus e os ensinamentos de seus apóstolos. A mensagem de Jesus foi reduzida a apenas duas frase: 1) Arrependei-vos e crede no Evangelho; e 2) Arrependei-vos porque o Reino de Deus está próximo. Partindo do pressuposto que Jesus não ofereceu nenhuma explicação acerca do que ele queria dizer ao utilizar essas duas frases, então as mesmas devem ser, obrigatoriamente, entendidas de acordo com os termos aceitos pelo judaísmo da época. Isso se deve ao fato de Jesus ter sido um judeu religioso na plenitude dessa expressão. Não era sua intenção criar uma nova religião. Seu único objetivo em vida era restabelecer a independência da nação judaica. Nesse sentido ele era o Messias. Um Messias judeu e político. Jesus desejava despertar os judeus para um levante político que o conduzisse à posição de líder supremo do povo de Israel. Uma vez que a nação de Israel era vista como o Filho de Deus, a reivindicação de Jesus de ser o Messias era algo, restrito aos limites da humanidade. Um entendimento histórico dos ensinamentos de Jesus requer que abandonemos todos os dogmas referentes à metafísica filiação divina de Jesus, bem como acerca da trindade e outros conceitos dogmáticos similares.

Entretanto, a intenção de Jesus de Jesus de despertar os judeus para que o declarassem como seu Messias terrestre e, com isso, alcançar uma completa e definitiva libertação do jugo romano, não se materializou. Jesus esperou em vão pelo levante popular. Jerusalém recusou revoltar-se. Dessa forma a vida de Jesus terminou numa enorme tragédia. Antes de sua prisão Jesus foi tomado de pavor e seu grito de desespero na cruz — “Deus meu, Deus Meu! Porque me Desamparaste?” — indicam o completo fracasso de sua missão. Como os judeus não corresponderam, Deus abandonou a Jesus.

Ainda de acordo com Reimarus, depois desses acontecimentos, os alvos e as intenções dos discípulos assumiram um papel preponderante. Primeiro os discípulos enfrentaram um período de melancolia. Eles não dispunham de nenhum tipo de recursos. Durante os três anos seguindo a Jesus, eles havia se esquecido como era ter que trabalhar. Eles não gostariam de voltar aos velhos e conhecidos caminhos de antes. De que maneira eles iriam se sustenta daqui para frente? A única forma que eles conheciam era por meio da pregação. Reimarus considerava as narrativas da ressurreição contraditórias. Além disso, Reimarus defendia a ideia que Jesus nunca falou nenhuma palavra aos discípulos acerca de sua morte e ressurreição. Desse modo, Reimarus sugeriu uma versão naturalista da ressurreição: os discípulos teriam roubado o corpo morto do Senhor Jesus. Eles então esperaram por um longo período de tempo — 50 dias — que pudesse lhes servir de cobertura para o que tinham feito.  A seguir eles inventaram a mensagem da ressurreição e começaram a proclamar o iminente retorno de Jesus como o Messias. Mas os fatos da história contradizem uma volta rápida de Jesus e, por isso, tal volta não pode ser verdadeira. Desse modo, o cristianismo repousa sobre uma fraude.

Essa foi a primeira tentativa de se descobrir quem, exatamente, foi Jesus, por meio duma alegada abordagem histórica objetiva e isenta de pressupostos. Foi assim que teve início a chamada “velha escola” da busca pelo Jesus histórico.

Em nossos dias, apesar dos postulados de Reimarus continuarem sendo repetidos por falsos mestres — alguns são verdadeiros sabichões — os mesmos são considerados absurdo e muito, mas muito amadores mesmo. Jesus nunca foi um revolucionário político, apesar dessa história ser periodicamente reciclada quando surge uma nova oportunidade de faturar com esse tema. A vasta maioria dos teólogos dos nossos dias, reconhecem que Reimarus não fez justiça ao texto do Novo Testamento. Suas PRESSUPOSIÇÕES deístas e naturalistas criaram uma nova imagem do Senhor Jesus. A velha escola da busca pelo Jesus histórico teve seu início com Reimarus. O grito de batalha do movimento era: vamos voltar para Jesus, o homem de Nazaré. O completo abandono dos dogmas cristãos e a procura da personalidade e da religião de Jesus seriam decisivas. O PRESSUPOSTO básico — da tentativa sem pressupostos — era que o Jesus da história e o Cristo das pregações feitas pela igreja eram pessoas distintas. História e dogma são duas coisas diferentes. E foi assim que o problema acerca da busca pelo Jesus histórico teve seu início.

Muitos outros, naqueles dias, se empenharam em descobrir quem era Jesus. Inúmeros livros com o título de ”Vida de Jesus” fora escritos e publicados. Uma excelente abordagem histórica do que de mais importante foi escrito e produzido naqueles dias pode ser encontrada na monumental obra de Albert Schweitzer, A Busca do Jesus Histórico — Um Estudo Crítico de Seu Progresso de Reimarus até Wrede. Esse material está disponível em português. Por ora, nos basta analisar a posição do teólogo e crítico da Bíblia Heinrich Eberhard Gottlob Paulus que viveu entre 1761 e 1851. Paulus, que veio a falecer em Heidelberg aos noventa anos de idade, apresentou Jesus como um homem exemplar do ponto de vista moral e que ensinou as eternas verdades da religião racional. Ele deu uma interpretação completamente naturalista para os milagres de Jesus. Tais interpretações são comuns em todos os comentários escritos por liberais até os nossos dias. A alimentação dos cinco mil, por exemplo, começou com Jesus compartilhando sua própria refeição dando, desse modo, início a uma reação em cadeia. Dessa forma descobriu-se que havia mais comida do que era realmente necessária. É óbvio que estamos diante de, ainda outra, interpretação superficial e ingênua apresentada em nome da ciência histórica e acompanhada duma genuína objetividade.

CONTINUA...

OUTROS ARTIGOS ACERCA DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 001

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 002

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 003

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 004

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 005

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 6

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 007
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 008

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 009

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 010

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 011

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 012


Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.


[1] Reimarus, Hermann Samuel. Reimarus: Fragments. Wipf & Stock Publishers, Eugene, 2009.


Os comentários não representam a opinião do Blog O Grande Diálogo; a responsabilidade é do autor da mensagem, sujeito à legislação brasileira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário