segunda-feira, 15 de outubro de 2012

ESTUDO DA VIDA DE JESUS – PARTE 1 – ESTUDO 006



Essa é uma série cujo propósito é estudar, com profundidade, a vida do Senhor Jesus como apresentada nos quatro Evangelhos. No final de cada estudo você irá encontrar links para outros estudos. A Série tem o título Geral de: Jesus Confronta a Religião, a Sociedade e a Cultura.
 

Lição 006 – A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — 3.

3. Os Escribas.

Os γραμματέυς grammatéus – em geral chamados escribas, esse grupo é normalmente mencionados em conjunto com os fariseus no Novo Testamento. Isto acontece porque a vasta maioria dos escribas era também do partido dos fariseus. Estes homens eram pessoas versadas na lei mosaica e nas Sagradas Escrituras. Por este motivo, os escribas, eram também chamados de “doutores da Lei”. Os escribas examinavam as questões mais difíceis e delicadas da lei e acrescentavam à lei mosaica decisões de vários tipos, com a intenção de elucidar seu significado e extensão, e faziam isto em detrimento da verdadeira religião. Eles eram os indivíduos que também divisavam implicações adicionais, derivadas a partir da Lei dada por Deus a Moisés. Consideravam que os 613 mandamentos da Lei de Deus, outorgados através do legislador Moisés, não eram suficientes e por este motivo haviam inventado centenas de outras regras ou tradições. Uma vez estabelecidas, estas regras ou tradições adicionais, esperava-se que todos os fariseus obedecessem às mesmas, da maneira mais estrita possível. Mas tudo não passava de uma verdadeira prática de hipocrisia explícita. Jesus os confronta diretamente com respeito a esta prática com as palavras que encontramos em Mateus 23:4.

A presença de escribas era também da maior importância no Sinédrio[1] judaico, pois como homens experimentados na Lei, eles podiam ajudar na solução de questões difíceis envolvendo a interpretação da Lei de Deus. Os escribas são também, muitas vezes, mencionados no Novo Testamento, em conexão com os sacerdotes e os anciãos do povo.

Alguns séculos depois dos dias em que Jesus viveu, todo o material produzido pelos escribas, foi compilado em numa coleção de volumes que ficou conhecido como o Talmud[2], também se escreve Talmude e, que consistia, em sua grande maioria, em comentários de doutrina e jurisprudência feitos à Lei Mosaica. O Talmude foi antecedido por um outra obra conhecida como Mishná[3], que também se escreve como Michná – ver descrição na nota de rodapé.

4. Os Essênios.

Este grupo não é mencionado diretamente no Novo Testamento, mas através de outros registros históricos, sabemos que eles estavam presentes nos dias em que nosso Senhor viveu sobre a terra de Israel.

Os essênios pegaram o conceito de separatismo dos fariseus e o levaram a maiores extremos. Sua busca por perfeição acabou por levá-los a um total isolamento no meio da sociedade judaica. Eles entendiam que o todo da saciedade judaica estava contaminado e para manter-se puro só havia uma forma aceitável: isolar-se por completo no deserto, vivendo uma vida ascética e celibatária, esperando a manifestação do Messias. Em outras palavras, não era fácil pertencer a este grupo por causa dos sacrifícios elevados que eram necessários.

O motivo principal para o isolamento, mencionado acima, era garantir uma maior pureza ritual. Achavam que afastando-se do mundo impuro e perverso conseguiriam manter-se puros. Os Essênios adotaram os rituais de purificação que eram seguidos pelos sacerdotes judeus quando se preparavam para ministrar, oferecendo sacrifícios, no Templo em Jerusalém. Eram ritos complexos e seguidos de forma estrita.

Todos os que não pertenciam ao seu próprio grupo eram considerados impuros e eram rejeitados. Mesmo o regime sacerdotal que oficiava no Templo era considerado impuro e corrupto. Estranhos eram odiados e considerados como pertencendo ao reino das trevas. Amor, respeito e consideração eram atitudes dedicadas somente aos membros da própria comunidade. Eles eram os “filhos da Luz” e, somente eles, constituíam-se no verdadeiro Israel de Deus.

Os essênios acreditavam que o fim do mundo estava realmente muito próximo. Para eles o Messias devia surgir em breve. Na realidade eles esperavam por dois Messias: o primeiro viria para restaurar a verdadeira religião e o segundo para tornar-se governador político dos povos. Quando o Messias viesse aconteceria uma grande batalha entre os filhos das trevas e os filhos da luz. Os filhos das trevas constituíam os exércitos de Satanás e seriam totalmente destruídos pelos filhos da luz. Os primeiros filhos das trevas a serem completamente destruídos seriam os romanos.

Os essênios eram, na realidade, tão belicosos quanto os Zelotes, mas aguardavam a manifestação do Messias para agir. Eles estavam aguardando a manifestação daquilo que os profetas do Antigo Testamento chamaram de “o dia do Senhor”.

No ano 66 d.C., com as primeiras vitórias dos zelotes sobre os romanos, os essênios acabaram por se unir à revolução para a libertação do país acreditando que o Messias estava às portas. Por esta aliança, acabaram sendo também destruídos pelos romanos.

 5. Os Saduceus.

Partido religioso judaico que existia nos dias de Cristo e que deriva seu nome da expressão hebraica צדוק tzadok – justo. Este grupo era constituído pelos chefes dos sacerdotes, pelos homens importantes de negócios e pelos proprietários de terras. Eram aristocratas e entre eles estava o grosso dos chamados “anciãos do povo”. Os chefes dos sacerdotes representavam uma classe especial de sacerdotes. Eles eram os responsáveis pela organização e administração do Templo e estas funções eram, como não poderiam deixar de ser, hereditárias. Como tais, é a eles que Jesus se refere como tendo transformado a “Casa de Deus” em “covil de salteadores” – ver Marcos 11:15—18. Não é à toa que odiavam a Jesus e procuravam matá-lo.



OUTROS ESTUDOS ACERCA DA VIDA DE JESUS PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:

001 — Estudos Na Vida de Jesus — Porque Jesus Veio a Este Mundo

002 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 001

003 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 002.

004 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões —

005 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 2.

006 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 3.

007 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 4.

008 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 5.

009 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 6.

010 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 7.

011 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 8.

012 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 9.

013 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 10.

014 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 11.

015 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 12

016 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 13

017 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14A

017 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14B

017 C — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14C

017 D — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14D

018 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15A

018 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15B

019A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16A

019B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16B

020 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 17

Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.


[1] Sinédrio – Palavra derivada do grego συνέδριον – sinédrio – que é a composição de συν – sun = com +  έδρα – édra = assento. Daí procede a idéia de “sentar junto” para entrar em conselho. Como usada nos Evangelhos e em Atos a palavra significa “conselho” e representava o “Conselho dos Anciãos”, que se reunia em Jerusalém. O Sinédrio era um corpo aristocrático, muito provavelmente controlado pelos Saduceus, mas que incluía outros anciãos e homens experientes e no qual, o sumo sacerdote, atuava como espécie de moderador ou presidente. Era a mais alta corte entre os Judeus e tinha autonomia para julgar todas as questões pertinentes à Lei de Deus. Jesus e seus seguidores sofreram ferrenha oposição deste corpo administrativo. 

[2] Talmud - consiste de vastas anotações e comentários feitos ao Mishná – ver definição logo abaixo. Os estudiosos que produziram estes materiais são chamados de “amoraim”.  Existem duas tradições: 1) A primeira produziu o que ficou conhecido como o Talmud Palestino – Talmud Yerushalami – por volta do ano 400 d.C.; 2) A segunda tradição produziu o massivo Talmud Babilônico – Talmud Bavli – por volta do ano 500 d.C. As tradições são completamente independentes e por ter demorado mais para ser escrito e por ser bem mais extenso, o Talmud Babilônico é mais estimado, que o Talmud Palestino.

[3] Mishná que também pode ser escrito como Michná, significa em hebraico “estudo repetido” e cujo plural é Mishnayot. O Mishná é a mais antiga e autoritativa coleção e codificação da legislação judaica, pós Antigo Testamento. Esta coleção foi sistematizada por inúmeros estudiosos, chamados de “tannanim”, durante um período superior a duzentos anos. Esta codificação assumiu sua forma definitiva no início do século III d.C., pelas mãos do estudioso conhecido como Judah ha-Nasi. O objetivo da coleção encontrada no Mishná era suplementar as leis escritas que estão registradas no Pentateuco. Ou seja, não satisfeitos com os 613 mandamentos encontrados na lei de Moisés, estes homens inventavam inúmeros outros para, literalmente, infernizar a vida das pessoas. No Mishná podemos encontrar, na forma escrita, a interpretação seletiva de inúmeras tradições que haviam sido preservadas na forma oral, com algumas destas tradições sendo bastante antigas e datando dos dias de Esdras c. 450 a.C.

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