quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Gênesis - Estudo 003 - A Criação - Parte 2 - A HISTÓRIA PRIMEVA E SUA NATUREZA

 
Este estudo é parte de uma Análise do Livro do Gênesis. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da História Primeva da Humanidade. No final de cada estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo 

O Livro do Gênesis
O Princípio de Todas as Coisas

בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ 
            Eretz   ha  ve-et  Hashamaim  et      Elohim        Bará     Bereshit
            Terra   a      e        céus       os        Deus         criou   princípio No
Gênesis 1:1

III. A História Primeva e Sua Natureza.

Os israelitas não foram o único povo a formular uma explicação acerca da origem de todas as coisas em geral e do nosso mundo, em particular. Nós encontramos peças literárias descrevendo a origem de mundo em todas as grandes civilizações do Antigo Oriente Próximo.  Nesta peças literárias nós nos deparamos com complexas mitologias[1] que procuram descrever os mais remotos e obscuros acontecimentos da pré-história da humanidade. Esta parte da nossa história é chamada de História Primeva. Em quase todas essas mitologias é fácil perceber a existência de uma cosmogonia – de cosmos = mundo e gonia = geração ou nascimento – ou seja, uma descrição de como o mundo foi feito ou criado.

CRIAÇÃO DO MUNDO SEGUNDO OUTRAS CULTURAS

Quando comparamos a narrativa do Antigo Testamento com a de outras estórias originadas em outras culturas da História Antiga, a diferença e a superioridade da revelação bíblica são autoevidentes. O motivo porque as diferenças que existem são tão importantes se deve ao fato de que aquilo que temos em nossas Bíblias nos foi revelado por Deus mesmo, enquanto o que encontramos nas outras culturas não passa de reminiscências de antigas tradições misturadas à profícua imaginação dos seus autores.

CRIAÇÃO SEGUNDO A BÍBLIA

Aqui, esse autor, gostaria de oferecer apenas um exemplo, como prova, do que acabou de afirmar acima: durante muitos milênios os seres humanos adoraram o sol e a lua como divindades. Há registro deste tipo de adoração em culturas tão dispares como a egípcia, os habitantes da península de Yucatán no México e entre os druidas da Grã-Bretanha. Todavia, o autor do Gênesis é bastante claro ao dizer que a o sol e a lua não são divindades e sim, meros luzeiros criados por Deus para iluminar o dia e à noite. São tão insignificantes, diante da grandeza do Deus verdadeiro, que Moisés se recusou, inclusive, fornecer seus nomes que eram bem conhecidos

Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez. Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas. E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra, para governarem o dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom. Houve tarde e manhã, o quarto dia – Gênesis 1:14—19.

Existe mais verdadeira ciência nestes poucos versos de Gênesis 1 do que em toda obra do biólogo-filósofo Richard Dawkins. Da mesma maneira que a afirmativa bíblica mencionada acima aniquilava com as crenças tolas que existiam na Antiguidade acerca do sol e da lua, o mesmo é verdadeiro com todo o conteúdo dos primeiros 11 capítulos do Gênesis. A leitura do primeiro livro da Bíblia nos revela duas verdades que são absolutamente devastadoras a dois aspectos que, como humanos, consideramos fundamentais:


  • O primeiro tem a ver com nosso vício de inventarmos “divindades” que nos consolem e nos supram de conforto. Estas divindades podem ser os baalins da Antiguidade ou as ciências da modernidade. A Bíblia é bem clara: existe apenas um Deus.


  • O segundo tem a ver com esta consciência, doentiamente equivocada, de que os seres humanos sejam algo mais do que mero pó. Richard Dawkins gosta de apresentar a ciência como “deus” e ele, é claro, como o mais legítimo sumo sacerdote desta divindade. Sobre ele, todavia, pesa a grave sentença de Deus: Tu és pó e ao pó tornarás — ver Gênesis 3:19.

 
O nigeriano Richard Dawkins

É necessário deixar claro que o conteúdo dos capítulos 1 a 11 do Gênesis acabaram por “avacalhar” com todas as religiões e crendices existentes e isto nunca foi perdoado pelos mestres, sábios, sacerdotes e seguidores das religiões pagãs. O mesmo acontece na modernidade com os cientistas quase-ateus. Eles não perdoam a verdade revelada por Deus exatamente pelos mesmos motivos que as pessoas da Antiguidade. A Bíblia expõe de maneira clara a verdadeira condição do ser humano caído.

Existe mesmo um Deus que é criador e pessoal como a Bíblia afirma? Ou devemos acreditar, como propõe Richard Dawkins, que o Deus da Bíblia não passa de uma ilusão? Em breve iremos ver o que a verdadeira ciência tem para nos ensinar.

 
ENUMA ELISH

Antes de prosseguirmos devemos abrir um parêntesis para compararmos o conteúdo da narrativa Bíblica com outras narrativas da Antiguidade. Apesar da literatura do Egito conter diversos paralelos com o Gênesis, é da Mesopotâmia[2] que procedem as narrativas mais próximas dos antigos conceitos hebraicos. O escrito Enuma Elish – título acádico que significa “quando no alto” – é a narrativa mesopotâmica mais completa sobre a criação e tem muitas semelhanças interessantes com a história bíblica. Este material foi escrito em honra ao deus Marduque da Babilônia.  A história descreve um conflito cósmico entre as divindades dominantes. O jovem e corajoso Marduque mata a monstruosa Tiamate, a deusa mãe personificada no oceano primevo, de onde todos os deuses se originaram. Esta deusa, Tiamate, se transformaria em tempos modernos na “sopa biológica” do Evolucionismo ateísta. Como podemos ver, na Evolução como na televisão, nada se cria, tudo se copia! O conflito cósmico surgiu porque Tiamate não podia tolerar o barulho que seus filhos, os outros deuses faziam. Marduque então, tendo matado a perniciosa Tiamate, divide a carcaça dela em duas partes e destas partes ele cria os céus e a terra. Marduque e seu pai criam a humanidade para fazer todo o trabalho difícil do universo, libertando assim as divindades de suas tarefas mais tediosas. Como demonstração de sua gratidão a Marduque, por salvá-los da maligna Tiamate, os deuses constroem para ele a cidade da Babilônia, a grande capital – ver Ancient Near East Texts – ANET – 60 – 72, 501 – 503.


DEUS MARDUQUE

A batalha entre os deuses descrita no Enuma Elish não encontra equivalente no Gênesis bíblico. Na descrição da criação do livro do Gênesis encontramos a menção de Deus somente. O fato de que o livro do Gênesis usa a expressão אֱלֹהִים - elohim – que literalmente quer dizer Deuses – não implica na existência de múltiplas divindades. O uso desta forma plural é apenas devido à necessidade de se destacar ou dar ênfase à pessoa do Deus criador. Este tipo de plural é chamado de plural de magnificência ou de grandiosidade e não implica em multiplicidade de deuses. 


Um Trecho do Enuma Elish

Quando Marduque tem notícias dos deuses, seu coração o leva a elaborar artimanhas. Ao abrir sua boca, ele se dirige aos deuses para dividir com eles o plano que elaborou em seu coração: “Farei massa de sangue e ossos, estabelecerei um selvagem e seu nome será “homem”“. Em verdade, criarei o homem-selvagem. Ele receberá o serviço dos deuses, para que estes possam descansar. Enuma Elish VI. 1 – 8   ANET 68

 












Alfabeto Cuneiforme Acádio

Idéias comuns, como a da criação dos seres humanos, que podem ser encontradas tanto na narrativa bíblica quanto em outras culturas da Antiguidade, não refletem necessariamente, uma origem comum. Trata-se de uma verdadeira fraude o ato de reduzir narrativas diferentes originadas de diferentes culturas a seus denominadores comuns e declarar que as mais recentes dependem das mais antigas. Nosso atual nível de conhecimento da História não nos permite defender, de forma plausível, a idéia de que existe apenas uma e mesma fonte para todas, ou até mesmo para a maioria, das diferentes narrativas que encontramos da Antiguidade e que tratam de um mesmo assunto. Aqueles que tentaram provar tais ideias acabaram enfrentando dificuldades intransponíveis.

 
ÉPICO DE ATRAHASIS

Independente destas dificuldades, o Enuma Elish babilônico foi apontado, desde a sua tradução para o inglês, como a origem ou fonte das narrativas acerca da criação que encontramos no livro do Gênesis. Todavia, em tempos mais recentes, a descoberta de novos manuscritos antigos e uma nova apreciação dos manuscritos já de posse dos estudiosos, tem demonstrado que muitas das similaridades aceitas, entre as diversas histórias acerca da criação, são de fato ilusórias. Hoje sabemos que o Enuma Elish não é tão antigo quanto se pensava a princípio. De fato ele foi produzido no final do segundo milênio a.C., provavelmente, depois de Moisés já ter escrito o Livro do Gênesis! Também sabemos que o Enuma Elish não era a história mais popular acerca da criação. Outra produção babilônica conhecida como o Épico de Atrahasis é que ocupava o lugar de favorito entre os babilônios. Como esta obra trata mais especificamente da criação do homem e dos eventos narrados entre os capítulos 2 – 8 do livro do Gênesis iremos nos ocupar dele mais adiante.

OUTROS ARTIGOS ACERCA DA INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO

A. O Texto do Antigo Testamento

001 – O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO

002 – A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

003 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 1 = Os Escribas e O Texto Massorético — TM

004 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 2 = O Texto Protomassorético e o Pentateuco Samaritano

005 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 3 = Os Manuscritos do Mar Morto e os Fragmentos da Guenizá do Cairo

006 - A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 4 = A Septuaginta ou LXX

007 - A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 5 = Os Targuns e Como Interpretar a Bíblia

B. A Geografia do Antigo Testamento

001 – INTRODUÇÃO E MESOPOTÂMIA

002 – O EGITO

003 – A SÍRIA—PALESTINA

C. A História do Antigo Testamento

001 — OS PATRIARCAS DA NAÇÃO DE ISRAEL

002 — NASCE A NAÇÃO DE ISRAEL

003 — A NAÇÃO DE ISRAEL: O REINO UNIDO

004 — O REINO DIVIDIDO E O CATIVEIRO BABILÔNICO

D. A Introdução ao Pentateuco

001 — O PENTATEUCO — PARTE 1 — O QUE É E DO QUE TRATA O PENTATEUCO

002 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — OS TEMAS PRINCIPAIS DO PENTATEUCO — PARTE 1

003 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — OS TEMAS PRINCIPAIS DO PENTATEUCO — PARTE 2

004 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — QUEM ESCREVEU O PENTATEUCO — PARTE 1

005 — O PENTATEUCO — PARTE 3 — QUEM ESCREVEU O PENTATEUCO — PARTE 2

006 — O PENTATEUCO — PARTE 3 — QUEM ESCREVEU O PENTATEUCO — PARTE 3

OUTROS ARTIGOS ACERCA DO LIVRO DE GÊNESIS

001 — Introdução e Esboço

002 — Introdução ao Gênesis — Parte 2 — Teorias Acerca da Criação

003 — Introdução ao Gênesis — Parte 3 — A História Primeva e Sua Natureza

004 — Introdução ao Gênesis — Parte 4 — A Preparação para a Vida Na Terra

005 — Introdução ao Gênesis — Parte 5 — A Criação da Vida

006 — Introdução ao Gênesis — Parte 6 — O DEUS CRIADOR

007 — Introdução ao Gênesis — Parte 7 — OS NOMES DO DEUS CRIADOR, OS CÉUS E A TERRA

008 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 1 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 1

009 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 8A – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 2

010 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus - Parte 9 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Segundo e o Terceiro Dia

011 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 10 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quarto Dia

012 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 11 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quinto Dia

013 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 1

013A — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12A — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 2

014 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 13 — Teorias Evolutivas

015 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 14 — GÊNESIS 2A

016 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 15 — GÊNESIS 2B

017 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 16 — GÊNESIS 3A

018 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 17 — GÊNESIS 3B

019 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 18 — GÊNESIS 3C

020 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Livre Arbítrio — Parte 19

021 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Dois Adãos — Parte 20

022 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Era Pré-Patriarcal e a Mulher de Caim — Parte 21

023 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, O Primeiro Construtor de Uma Cidade — Parte 22

024 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Assassino e Fugitivo da Presença de Deus — Parte 23

025 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Primeiro Construtor de uma Cidade e Pseudo-Salvador da Humanidade — Parte 24

026 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Conclusão Acerca de Caim — Parte 25

027 — Estudo de Gênesis — Gênesis 5 — Sete e outros Patriarcas Antediluvianos — Parte 26

028 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Perversidade Humana, Os Filhos de Deus e as Filhas dos Homens— Parte 27A

029 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — OS Nefilim e os Guiborim — Os Gigantes e os Valentes — Parte 27B

030 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Maldade do Coração Humano— Parte 27C.

031 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Corrupção Humana Sobre a Face da Terra e Deus Pode se Arrepender? — Parte 27D.

032 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 28A.

033 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 28B.

034 — Estudo de Gênesis — Gênesis 7 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 29 — O Dilúvio Foi Global Ou Local?

035 — Estudo de Gênesis — Gênesis 8 — A promessa que Deus Fez a Noé e seus descendentes — Parte 30 — Nunca Mais Destruirei a Terra Pela Água

036 — Estudo de Gênesis —  O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 001

037 — Estudo de Gênesis — O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 002

038 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 001

039 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 002

040 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 003

041 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 004 — A NATUREZA DA ALIANÇA ENTRE DEUS E NOÉ

042 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 005 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 001

043 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 006 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 002 — OS NEGROS SÃO AMALDIÇOADOS?

044 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 007 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 003 — A CONTRIBUIÇÃO DOS FILHOS DE NOÉ PARA A HUMANIDADE

045 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 001 — OS DESCENDENTES DE JAFÉ
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/genesis-estudo-045-tabua-das-nacoes.html

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.


[1] Mitologia pode ser definida de forma geral como o conjunto dos mitos próprios de um povo, de uma civilização, de uma religião. De forma mais específica a mitologia se refere à história fabulosa dos deuses, semideuses e heróis da Antiguidade greco-romana – ver Dicionário Aurélio Século XXI in loco.
[2] Mesopotâmia – do grego mesos - mésos – no meio, entre e potamos - potamós – rio que significa entre-rios e que designava a extensão de terra contida entre os rios Eufrates e Tigre.

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